Aos gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro’ e ‘não se entrega, não se entrega”, Luiz Inácio Lula da Silva deixou o edifício sede do Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC Paulista, neste sábado (7/4), após mais de 40 horas de confinamento para o seu primeiro discurso depois de ter a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro.
O petista fugiu do tradicional vermelho e escolheu uma camiseta azul marinho e calça jeans. Ao lado de lideranças do Partido dos Trabalhadores, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o líder esquerdista subiu no carro de som da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Alternando brincadeiras e falas carregadas de raiva, Lula chegou a propor um desafio a Moro e, apesar de discordar da prisão, disse não estar “acima da Justiça”. “Queria fazer um debate com o Moro sobre a denúncia, para que ele me mostrasse o que tem de provas”. Ele também disse que não vai resistir à ordem de prisão: “Eu vou cumprir o mandado”
O ex-chefe do Executivo nacional saiu do entrincheiramento com a justificativa de participar da missa em memória a dona Marisa, que faria 68 anos.
A cerimônia foi celebrada por dom Angélico Sandalo Bernardino. O clérigo de 85 anos é amigo pessoal de Lula e, inclusive, em janeiro, ganhou dele um almoço surpresa. O religioso também conduziu a missa de corpo presente no velório da ex-primeira dama, que morreu em fevereiro de 2017.
Angélico foi nomeado bispo em 2000 e, atualmente, dirige a Diocese de Blumenau (SC). O religioso é conhecido por ter uma inclinação política à esquerda. Na época do impeachment de Dilma Rousseff, fez discursos dizendo que se tratava de um golpe.
Durante o sermão que antecede a detenção de Lula, o bispo classificou a decisão de Sérgio Moro com um golpe. “Aqueles que deferiram longos golpes terão que permanecer com o pesadelo, mas na memória do povo brasileiro ficará marcada a resistência”, disse.
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