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Sobrevivente de ritual que terminou em morte relata agressões

Nove pessoas foram acusadas pelos assassinatos.

21/01/2020 às 15h11
Por: Jéssyca Seixas Fonte: G1
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Divulgação
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Um ritual em El Terrón, vilarejo no interior do Panamá, terminou com a morte de sete pessoas na semana passada, em um caso que chamou a atenção do país sul-americano pela violência da seita intitulada “A Nova Luz de Deus”. Nove pessoas foram acusadas pelos assassinatos. As informações são do G1.

Dina Blanco, sobrevivente do ritual contou à agência Associated Press os momentos de terror vividos diante dos criminosos. A filha dela, Inés, de 9 anos, que sofria de epilepsia, morreu na cerimônia.

Segundo o relato, a seita havia se instalado no vilarejo três meses atrás, em uma igreja improvisada com madeiras. Um integrante do grupo, então, alegou que teve visões que o dizia para “exterminar os incrédulos”.

Então, conta Dina, uma vizinha chamada Olivia a chamou para um encontro da seita “A Nova Luz de Deus” — Era para ela ir “querendo ou não”, relata a vítima.

Ela seguiu a vizinha e foi ao encontro, acompanhada do pai, do filho de 15 anos e da menina Inés. O pai e o rapaz conseguiram fugir.

Quando chegaram, os sacerdotes pediram que eles não abrissem os olhos e que dessem as mãos e disseram que eles estariam “na presença do Senhor”.

“Então, eu senti alguma coisa bater na minha cabeça, e eu não sei o que aconteceu comigo. Eu caí, de joelhos”, conta Dina.

Investigadores disseram que os sacerdotes usaram clavas, facões e até exemplares da Bíblia para agredir os fiéis. “E eles continuaram a me dizer para que eu não abrisse os olhos”, detalha a vítima.

“Eu ouvi tambores, acordeões, gritos, choros. Eu estava presa”, narra Dina.

As autoridades panamenhas também dizem que alguns dos fiéis foram forçados a se despir e a caminhar sobre brasas acesas.

E o pior ainda estava por vir: na madrugada, um integrante da seita se aproximou para dizer a Dina que sua filha, Inés, havia morrido.

“Os pássaros dos campos devem comer o corpo”, disse a voz a Dina.

Na verdade, Inés, assim como a vizinha grávida de Dina e cinco de seus filhos, foram assassinados no ritual. Segundo relatos, decapitados. Os corpos, nus, foram enrolados em redes e jogados em uma vala no cemitério do vilarejo.

Dina se recusa a acreditar que “não prestou atenção na morte da filha por estar na presença de Deus”, como disse uma liderança local. “Para mim, era o ódio que estava lá”, disse.

O vilarejo de El Terrón está encravado na selva do Panamá, perto da costa virada para o Caribe. O local fica isolado do resto do país — os cerca de 300 moradores devem andar horas por rotas lamacentas e estreitas até chegar a barcos que os levam a vilarejos um pouco maiores onde há eletricidade, telefone, clínicas e polícia.

Na cidade panamenha de Santiago, Dina ainda sofre com os ferimentos: ela tem hematomas na barriga, costas e mãos por causa das pancadas. Mas a maior dor é a interna.

“Ela [a filha Inés] era uma menina com deficiência. Comprava remédios para ela tratar da doença que custavam US$ 3”, lamenta Dina, referindo-se a um valor bastante caro para os pobres trabalhadores rurais daquela região.

“E agora não vou mais tê-la em casa. É a minha maior dor.”

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