O promotor do Ministério Público Rogério Marques classificou a socialite Marcelaine Shumann - acusada de tentar matar Denise Silva por ciúmes do amante - como "egoísta e inconsequente". Ele também rebateu a versão de que os réus queriam apenas "dar um susto" na vítima. As declarações foram dadas na manhã desta quinta-feira (2), segundo dia do júri sobre o caso. Marcelaine e outros quatro acusados estão no banco dos réus. O julgamento teve início na última quarta-feira (1).Ao abrir a sessão, o promotor relembrou as diferentes versões dadas por Marcelaine ao longo do caso. "Isso é promiscuidade. Não há nada de nobre, de bonito nisso", diz o promotor, ao falar sobre adultério. Marcelaine e Denise seriam amantes do mesmo homem.
Mais cedo o promotor chegou a dizer que "quem quer dar susto não leva arma, leva balão", ao se referir à versão de Marcelaine, que declarou que não tinha a intenção de matar Denise.
"O susto deles não é estourar balão, não é gritar, não é aparecer com careta. Susto para eles é dar uma surra, uma surra que pode deixar a pessoa aleijada ou matar. Uma surra com uma arma, uma pistola. Era só um susto. Susto mortal", diz o representante do MP.
Os três, Marcelaine, Denise e Marcos Souto - pivô do crime - são casados. Durante sua sustentação oral, o promotor criticou a traição da socialite.
"Ela se manteve junto [do marido] só por isso. Só por interesse, mais nada. E soube desempenhar bem o papel, dissimular, enganar o companheiro dela por nove anos, mantendo um relacionamento paralelo com outro homem que era casado", diz o promotor, referindo-se à socialite.
O 2º dia de julgamento iniciou às 10h20 (horário de Manaus), com mais de uma hora de atraso. A defesa dos réus autorizou o início, mesmo sem a presença de Charles McDonald e Rafael 'Salsicha', que até as 11h15 ainda não haviam chegado ao TJ-AM.
Nesta quinta, serão ouvidos os advogados dos réus e o Ministério Público do Amazonas.
O MP/AM terá duas horas e meia de exposição. Eguinaldo Moura (advogado de Marcelaine) e Maria Ester Coelho (defensora de Edney, Rafael e Charles) terão uma hora, cada, enquanto Fernando Almeida (advogado de Karen Arevalo) terá 30 minutos para falar. Após as exposições orais, serão disponibilizadas quatro horas, sendo duas para réplica e duas para tréplica.
São réus do caso: Marcelaine Santos Schumann; Rafael Leal dos Santos, o "Salsicha"; Charles Mac Donald Lopes Castelo Branco; Karen Arevalo Marques; Edney Costa Gomes. Rafael é acusado de efetuar disparos contra a vítima, Marcelaine é apontada como mandante e os outros como participantes da tentativa de homicídio.
Chegada ao fórum
Edney Costa Gomes foi o primeiro a chegar ao Fórum Henoch por volta das 8h40 desta quinta-feira para o segundo dia do júri. Ele chegou em um carro do sistema prisional, sob forte esquema de segurança. Marcelaine Shumann e Karen Arevalo chegaram juntas por volta de 9h15.
Crime
A tentativa de homicídio ocorreu no dia 12 de novembro de 2014, por volta das 8h, no estacionamento de uma academia no Centro de Manaus. Denise Almeida (vítima) estava dentro de um automóvel quando "Salsicha" se aproximou e atirou. A vítima abaixou a cabeça e movimentou o veículo em macha ré. Um dos tiros atravessou o vidro lateral e o projétil atingiu a região do pescoço, alojando na região cervical da vítima.
"Salsicha" é apontado como o atirador. Ele teria recebido R$ 3,5 mil pelo crime. Depois de ser preso, ele confessou a tentativa de homicídio e apontou a participação de outras duas pessoas no crime: Charles Mac Donald Lopes Castelo Branco, que teria negociado o crime com a mandante, e Karen Arevalo Marques, que intermediou o aluguel da arma usada no crime.
A polícia também prendeu Edney por envolvimento no crime. Ele teria sido o responsável por indicar e fornecer contatos de "Mac Donald", primo dele, e de Rafael Santos (autor dos disparos).
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