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MPF instaura inquérito para monitorar apoio a índios venezuelanos no AM

Indígenas da etnia Warao estão acampados na rodoviária de Manaus.

16/03/2017 às 15h32 Atualizada em 16/03/2017 às 15h36
Por: Portal Holofote Fonte: G1AM
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Imigrantes venezuelanos estão acampados na Rodoviária de Manaus (Foto: Divulgação/Movimento Mais Amor Por Favor)
Imigrantes venezuelanos estão acampados na Rodoviária de Manaus (Foto: Divulgação/Movimento Mais Amor Por Favor)

 

Um inquérito civil foi intaurado pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), para acompanhar medidas de apoio aos indígenas Warao, imigrantes da Venezuela que estão acampados na rodoviária de Manaus. O MPF solicita informações de órgãos públicos ligados a assistência social, direitos humanos e indígenas, sobre as medidas adotadas para garantir o atendimento humanitário aos refugiados.

O procurador da República que acompanha a situação dos indígenas visitou, nesta semana, a rodoviária onde os índios estão acampados. A maioria deles informou ter se mudado para Manaus por conta da falta de alimentos e produtos na Venezuela, decorrente da crise econômica no país. Muitos disseram querer voltar para o local de origem.

Na portaria de instauração do inquérito, o MPF aponta que é necessária a adoção de medidas concretas em apoio aos indígenas Warao, em especial aqueles em situação de rua, como a destinação de locais para abrigo, alternativas de retorno ao país de origem aos que desejarem, além da construção de política integrada para atendimento às crianças indígenas em situação de vulnerabilidade.

Segundo o MPF, as alternativas devem ser construídas com a participação do povo Warao, por meio da autodeterminação e consulta aos líderes e integrantes da etnia no município de Manaus, o que constitui um direito do povo indígena.

No âmbito do inquérito civil instaurado, o MPF solicitará informações, por ofício, da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre as providências adotadas para garantir tratamento humanitário aos imigrantes venezuelanos em Manaus.

O Consulado da Venezuela na capital deverá informar ao MPF as medidas adotadas para apoiar os venezuelanos que imigraram para a capital amazonense, em especial os indígenas da etnia Warao. A Pastoral do Migrante foi requisitada a prestar informações atualizadas acerca da presença de imigrantes indígenas em Manaus e sobre a possibilidade de disponibilização de abrigo aos que estão em situação de rua.

A partir do recebimento dos ofícios, os órgãos terão dez dias úteis para responder ao MPF.

Crianças indígenas

Um relatório qualitativo de mapeamento apresentado pela Sejusc, pela Semasdh e pela Fundação Estadual do Índio (FEI) expôs a situação dos venezuelanos alojados na rodoviária de Manaus e apontou a presença de dois outros grupos da etnia Warao residindo nos bairros Educandos e Centro da cidade. Ao todo, a Sejusc verificou a presença de 117 indígenas Warao em Manaus.

O Conselho Tutelar de Manaus tentou retirar as crianças indígenas de suas famílias, com base no argumento de que estariam vulneráveis e sendo utilizadas indevidamente para obtenção de recursos nas ruas, mas foi impedido pela Semasdh, que reconheceu o direito dos povos indígenas a um tratamento diferenciado conforme sua cultura e tradição.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece o tratamento diferenciado em relação às crianças e adolescentes indígenas, determinando que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos pelo ECA e pela Constituição Federal e determina ainda a participação de antropólogo e da Funai nas tratativas com o grupo.

De acordo com o MPF, a retirada das crianças Warao de suas famílias indígenas, já em situação de vulnerabilidade em razão da crise econômica na Venezuela, representa nova violação de seus direitos, podendo ocasionar ainda maiores danos - exceto em casos extremos de violência ou abusos comprovados.

Histórico de pressões

O parecer do Setor Pericial de Antropologia do MPF sobre a situação dos indígenas Warao em Manaus, Pacaraima e Boa Vista, resgata diversos fatos da história do povo, que demonstra constante enfrentamento de pressões territoriais decorrentes de intervenções do governo, com graves consequências no modo de vida dos indígenas, de acordo com orgão.

Os Warao são tradicionalmente habitantes do delta do rio Orinoco, na Venezuela. Eles mantiveram seu ambiente relativamente preservado até passarem por um processo de migração, motivado principalmente pela introdução do cultivo de ocumo chino em substituição aos buritizais, nas décadas de 1920 e 1940. Isso ocorreu pela construção do dique-estrada no rio Manano, que levou ao fechamento do rio, e pela implantação de empreendimentos do setor petroleiro na região, ambas na década de 1960.

Conforme relatam os peritos do MPF no documento, essas e outras pressões que se acumularam ao longo do último século "se refletem nas condições de vida dos Warao na atualidade, em suas localidades de origem, jogando as famílias e pessoas da etnia para fora da espacialidade do delta e as obrigando a criarem alternativas que passam pelos contextos urbanos da Venezuela e, mais recentemente, também por outros países".

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