O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apontou que as contas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e da mulher dele, Fernanda Bolsonaro, receberam entre abril de 2014 e agosto de 2018 a quantia de R$ 285,5 mil em dinheiro, por meio de 146 depósitos “sem origem conhecida” para pagar parcelas de um apartamento na Barra da Tijuca.
A denúncia, a que o jornal O Globo teve acesso, foi oferecida ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. O documento também reúne o resultado da investigação sobre o esquema das “rachadinhas” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
O imóvel, localizado na Avenida Lucio Costa, em frente à praia da Barra, foi adquirido em maio de 2014. O casal morou no local com as duas filhas antes de se mudar para Brasília em 2018.
O condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa e onde reside hoje o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos -RJ) fica localizado a pouco mais de 600 metros do apartamento.
A quebra de sigilo bancário do senador e da esposa identificou os depósitos. De acordo com a denúncia, “não encontram lastro em valores sacados nas contas do casal” e, portanto, “não provêm de suas fontes lícitas de renda, mas sim dos valores desviados da Alerj pelos ‘assessores fantasmas’, por intermédio de operadores financeiros”.
Segundo o Ministério Público, o imóvel, que tem valor declarado de R$ 2,55 milhões, foi quitado por meio de transferências, cheques e um financiamento bancário. Antes da compra do apartamento, a conta de Fernanda depositou um sinal de R$ 50 mil, e a de Flávio, posteriormente, outra quantia para abater as parcelas de um crédito imobiliário.
Ainda segundo o MP, ambas as contas receberam valores de procedência desconhecida, depositados em dinheiro vivo e fracionados.
Os extratos mostram, segundo a denúncia, que “a conta bancária do denunciado Flávio Nantes Bolsonaro recebeu 141 (cento e quarenta e um) depósitos de dinheiro vivo em valores fracionados que somados representam o ingresso de R$ 275.500,00 em seu patrimônio sem origem conhecida”, entre os dias 12 de junho de 2014 e 9 de agosto de 2018 .
Já a mulher de Flávio recebeu cinco depósitos, que somados chegam a R$ 2o mil, em abril de 2014. Um cheque de R$ 50 mil foi descontado, referente à entrada do apartamento paga ao comprador do apartamento na Barra. Segundo o MP, Fernanda não tinha lastro para arcar com o valor e, por isso, precisou do aporte. A finalidade seria, segundo o MP, “ocultar a origem dos recursos”.
Em nota, a assessoria do senador respondeu que “em função do segredo de Justiça, a defesa está impedida de comentar detalhes, mas garante que a denúncia contra Flávio Bolsonaro é insustentável. Dentre vícios processuais e erros de narrativa e matemáticos, a tese acusatória forjada contra o senador se mostra inviável e não passa de uma crônica macabra e mal engendrada, influenciada por grupos que têm claros interesses políticos e que, agora, tentam voltar ao poder”.
Também segundo a assessoria, “a denúncia, com tantos erros e vícios, não deve ser sequer recebida pelo Órgão Especial. Todos os defeitos de forma e de fundo da denúncia serão pontuados e rebatidos em documentos próprios e no momento adequado”.
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