Em Manaus, 12 idosos estão cadastrados na Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) como moradores de rua. E a história de uma senhora que mora no Terminal Rodoviário da capital vem chamando atenção nas redes sociais para o tema. Aparentando cerca de 90 anos, Maria Ferreira, como é conhecida, passa os dias e noites na rodoviária com duas malas amarradas a um carrinho, e se alimenta por meio da boa ação de comerciantes e trabalhadores da área.
A moradora de rua, que diz ter vindo do Estado de São Paulo, afirma não ter família no Amazonas e, também, confunde seu nome e história de vida. “Quantos anos eu tenho? Tenho 32 anos. Mas estou bem, só quero viver em paz, a rodoviária é de todos”, disse a idosa.
Conforme a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh), uma equipe acompanha a idosa em busca de sua família e tenta retirá-la do local, mas Maria vem apresentando resistência em ser retirada das ruas.
Segundo a gerente do serviço especializado de abordagem social da Semasdh, Clícia Simone Lima, a situação foi identificada no feriado de 7 de Setembro, por meio de postagens no Facebook.
“Tentamos uma primeira abordagem, mas ela se mostrou muito arredia e agressiva. Cada vez ela fala um nome, às vezes, é Maria, às vezes, é Jacira, por isso, não temos certeza de qual é o nome dela. Ela não quer sair de lá”, disse a gerente.
Na segunda-feira (12), de acordo com a gerente, uma psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) visitou a idosa. Segundo Lima, a maior preocupação no momento é com a saúde da moradora de rua, que nas abordagens se mostrou bastante agressiva.
“Ontem (segunda-feira), conseguimos através do Caps AD que a doutora Lorrane fosse até o local. Ela diagnosticou uma possível bipolaridade no comportamento dela. Queremos levá-la ao hospital para fazer a avaliação clínica e psiquiátrica”, relatou.
Resgate via decisão judicial
Agora, semelhante ao caso da idosa Maria Catarina Xavier - uma moradora de rua de 103 anos que se encontrava em situação de risco ao lado da Central de Abastecimento de Energia, no bairro Cachoeirinha, na zona sul, e foi resgatada, em janeiro deste ano, por meio de uma ação judicial -, Maria Ferreira deve deixar a rodoviária, segundo Lima.
Segundo ela, hoje, a secretaria vai solicitar do Ministério Público Estadual (MP-AM), uma ação judicial para a remoção da moradora de rua.
A gerente explica que, como ela se recusa a sair do local para receber o atendimento adequado e, em decorrência disso, será necessário que a Justiça retire o direito de ir e vir da moradora, para que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realize o resgate.
“Na rodoviária, as pessoas cuidam dela, mas ela está numa situação de risco ali. Essa semana, se Deus quiser, vou tirar aquela mulher de lá, eu nem durmo preocupada com ela”, disse Lima.
A imprensa de São Paulo, segundo a secretaria, está se mobilizando para achar os parentes da idosa.
Moradores de rua idosos
De acordo com a gerente do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop), Bárbara de Jesus, a maior dificuldade nos casos dos moradores idosos é a identificação da família e a retirada dos documentos.
“A diferença do morador de rua que está bem de saúde para o idoso é que esse morador muitas vezes tem problema mental, deficiência e está debilitado”, disse.
Segundo ela, o vício no álcool é o que mais afasta o idoso do convívio da família. “No caso das pessoas idosas que vêm de fora, às vezes, vêm para Manaus na falsa ilusão de que é mais fácil viver. Daí têm vergonha de voltar para casa”, explicou De Jesus.
É o caso do cearense Pedro Rodrigues, 70, que, segundo a gerente, possui família em Fortaleza. “Estamos fazendo contato com o Creas de lá para tentar encontrar a família dele”, finalizou.
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