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Opinião: após cinco anos, Santos e Leandro Damião encerram o pior negócio do país

Contrato, que terminaria no dia 31

31/12/2018 às 10h27
Por: Megan Magalhães Fonte: G1
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Reprodução
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Sem alarde, poucos dias depois do final do Campeonato Brasileiro, o Santos e o atacante Leandro Damião rescindiram o contrato que terminaria nesta segunda-feira, 31 de dezembro. Um desfecho amigável para uma relação tumultuada.

Desde que Leandro Damião deixou o Internacional e foi apresentado no Santos, naquela que ainda é a maior transação entre clubes de futebol no Brasil, há cinco anos, a história do atacante no clube da Vila Belmiro é de ações judiciais, dívidas milionárias e apenas 11 gols. É a pior contratação já feita no país.

Não há análise possível que minimize o impacto negativo do negócio, sacramentado no final de 2013, por cifras irreais e num acordo parasita.

À época com 24 anos, Damião era celebrado como um dos principais centroavantes do país. Seu auge tinha sido em 2011, quando terminou a temporada com 38 gols pelo Internacional, mas ele ainda despertava o interesse de rivais três anos depois.

Sob o efeito da era Neymar, que deixara a Vila Belmiro seis meses antes, com títulos importantes frescos na prateleira, a megalomania era a política no Santos.

Contratar Damião custava mais do que o clube podia bancar, e foi preciso buscar o bolso alheio: quem se apresentou foi o fundo de investimentos Doyen.

A empresa com sede em Malta, um conhecido paraíso fiscal no Mar Mediterrâneo, pagou 12 milhões de euros (cerca de R$ 42 milhões na cotação de 2013). Mas fez exigências.

O valor deveria ser devolvido durante a vigência do contrato, com juros anuais de 10%. Caso recebesse uma proposta, o Santos até podia recusar, desde que pagasse ao Doyen valor semelhante ao oferecido. Se o vínculo de Damião terminasse sem que ele fosse vendido, o clube deveria indenizar a parceira em 18 milhões de euros.

Neste acordo, os riscos do investimento eram todos do Santos.

Ficou claro que o passo tinha sido maior do que a perna no começo de 2014, quando o ex-presidente do Santos, Odílio Rodrigues, responsável pela contratação de Damião, já tinha passado o bastão para o sucessor, Modesto Roma Júnior.

Uma avalanche de ações na Justiça do Trabalho de Santos tinha como autores atletas do time em busca da rescisão por atrasos nos salários. Damião, que após péssima temporada já tinha sido emprestado ao Cruzeiro, estava entre eles.

Entre troca de acusações, o caso teve episódio constrangedor quando Damião apresentou uma declaração de pobreza ao tribunal afirmando não ter condições de arcar com as custas do processo por causa dos atrasos – o contrato com o Santos, anexado à ação, previa um pagamento mensal de R$ 650 mil ao atleta, o maior do elenco alvinegro.

A estratégia, revelada pelo GloboEsporte.com, causou efeito contrário: o jogador se tornou alvo do Ministério Público e da Receita Federal e viu a Justiça negar a liminar pedida e ainda condená-lo por má-fé em primeira instância.

A disputa se prolongou por meses até que em janeiro de 2016, num acordo celebrado no TST (Tribunal Superior do Trabalho), Damião e Santos se acertaram: o clube pagou R$ 4,5 milhões ao jogador, que foi então emprestado ao Real Bétis, da Espanha.

Se uma briga terminou, outra começou.

O fundo Doyen, ao ver que o Santos jamais cumpriria o contrato voluntariamente, também foi à Justiça. E cobrou R$ 74 milhões – R$ 32 milhões a mais do que tinha investido para colocar Damião na Vila Belmiro.

A trégua foi alcançada apenas em dezembro do ano passado, quando o Santos se comprometeu a pagar 23 milhões de euros (R$ 88 milhões quando o acordo foi celebrado) ao fundo.

O valor incluía não só o negócio por Damião, mas também dívidas com o Doyen por jogadores como Daniel Guedes, Gabigol, Geuvânio e Lucas Lima. Acordos tão prejudiciais ao Santos quanto o primeiro – no auge da confusão, a empresa chegou a cobrar R$ 45 milhões por causa de uma cláusula na contratação do meia, que custou R$ 5,5 milhões em 2014 e hoje defende o Palmeiras.

Nos últimos quatro anos, Damião nunca mais pisou no CT Rei Pelé. Mesmo assim, metade do contracheque do atacante (entre R$ 650 mil e R$ 750 mil) no período continuou sangrando os cofres do Santos enquanto o jogador defendia Cruzeiro, Bétis, Flamengo e Internacional.

Agora, sem mais nenhuma ligação com o Santos, Leandro Damião se apresentará em janeiro ao Kawasaki Frontale, do Japão.

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