Os advogados de defesa de Marcelaine dos Santos Schumann e dos quatro outros réus do "caso Denise" - que culminou em uma tentativa de homicídio contra Denise da Silva - defenderam a tese de lesão corporal durante o segundo dia de julgamento, nesta quinta-feira (2).
Eguinaldo Moura - defensor de Marcelaine - disse que a socialite não teve intenção de matar Denise e que ela "jamais imaginou que o Rafael Leal (apontado como o atirador) fosse usar uma arma de fogo". A vítima foi baleada no estacionamento de uma academia no Centro de Manaus em 2014, mas sobreviveu aos ferimentos.
Defensora de Rafael 'Salsicha', Charles McDonald e Edney Costa Gomes, Maria Ester Coelho fez coro ao advogado de Marcelaine.
"A minha tese continua falar (sic) que isto é lesão corporal. [No primeiro dia de júri] fiquei mais convicta disto (sic). O tiro que atingiu dona Denise não resultou em perigo de morte", disse a advogada Maria Ester.
Durante a fala, Eguinaldo defendeu a tese que Rafael "Salsicha" não quis matar Denise, apesar de ter tido a oportunidade. Ele apresentou fotos do carro da vitima para cada componente do júri, mostrando que Rafael não tinha como enxergar dentro do veículo pelo vidro com insulfilm.
As defesas alegaram ainda que "não há nos autos nenhuma prova que Marcelaine quis a morte da Denise".
O terceiro e último a falar foi o advogado de Karen Arevalo, Fernando Almeida. Ele também defendeu a tese de que o crime em discussão é lesão corporal e não tentativa de homicídio qualificado. Segundo Almeida, a afirmação é embasada no laudo do perito médico, "que aponta que Denise não correu risco ou perigo de vida".
Promotor
Mais cedo, o promotor Rogério Marques iniciou o segundo dia de júri com sustentação oral de duas horas e 20 minutos. O representante do Ministério Público classificou Marcelaine Shumann como "egoísta e inconsequente". Ele também rebateu a versão de que os réus queriam apenas "dar um susto" na vítima.
Os três, Marcelaine, Denise e Marcos Souto - pivô do crime - são casados. Durante sua sustentação oral, o promotor criticou a traição da socialite.
"Ela se manteve junto [do marido] só por isso. Só por interesse, mais nada. E soube desempenhar bem o papel, dissimular, enganar o companheiro dela por nove anos, mantendo um relacionamento paralelo com outro homem que era casado", diz o promotor, referindo-se à socialite.
O 2º dia de julgamento iniciou às 10h20 (horário de Manaus), com mais de uma hora de atraso. A defesa dos réus autorizou o início, mesmo sem a presença de Charles McDonald e Rafael 'Salsicha', que até as 11h15 ainda não haviam chegado ao TJ-AM.
Chegada ao fórum
Edney Costa Gomes foi o primeiro a chegar ao Fórum Henoch por volta das 8h40 desta quinta-feira para o segundo dia do júri. Ele chegou em um carro do sistema prisional, sob forte esquema de segurança. Marcelaine Shumann e Karen Arevalo chegaram juntas por volta de 9h15. Charles e Rafael se atrasaram em mais de duas horas.
Crime
A tentativa de homicídio ocorreu no dia 12 de novembro de 2014, por volta das 8h, no estacionamento de uma academia no Centro de Manaus. Denise Almeida (vítima) estava dentro de um automóvel quando "Salsicha" se aproximou e atirou. A vítima abaixou a cabeça e movimentou o veículo em macha ré. Um dos tiros atravessou o vidro lateral e o projétil atingiu a região do pescoço, alojando na região cervical da vítima.
"Salsicha" é apontado como o atirador. Ele teria recebido R$ 3,5 mil pelo crime. Depois de ser preso, ele confessou a tentativa de homicídio e apontou a participação de outras duas pessoas no crime: Charles Mac Donald Lopes Castelo Branco, que teria negociado o crime com a mandante, e Karen Arevalo Marques, que intermediou o aluguel da arma usada no crime.
A polícia também prendeu Edney por envolvimento no crime. Ele teria sido o responsável por indicar e fornecer contatos de "Mac Donald", primo dele, e de Rafael Santos (autor dos disparos).
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