O Governo do Amazonas está totalmente fora do Festival de Parintins. O secretário estadual de Cultura, Robério Braga, devolveu até mesmo os camarotes, inclusive o do governador, e as salas do Bumbódromo que antes ocupava. Sábado (28/05), em reunião com o secretário e o diretor da TV A Crítica, que tem a exclusividade na transmissão da festa, Dissica Calderaro, os presidentes de Caprichoso e Garantido souberam que serão obrigados a bancar até som, iluminação e estrutura do Bumbódromo. “Como? Até aqui esse dinheiro vinha do Estado e a gente só repassava para os fornecedores”, disse um dos presentes à reunião.
A esperança de que a festa aconteça fica por conta de tratativas feitas pelo ex-governador e senador Omar Aziz (PSD-AM), que pediu R$ 15 milhões do Ministério da Cultura para o Festival. “O Governo do Estado só vai dar a estrutura mínima, como policiamento, bombeiros e apoio ao voo, além da estadia do pessoal da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Polícia Federal, que são imprescindíveis, se sair esse dinheiro de Brasília”, teria dito Robério, durante a reunião de ontem (28/05).
Representante do Ministério Público em Parintins já teria avisado aos bumbás que, sem estrutura, vai pedir à Justiça que impeça a realização da festa. Cresce a indignação, na cidade, agora que ficou clara a estratégia do governador de jogar a população do resto do Estado contra a festa. “Ele disse que era ou a saúde ou o Festival. Isso é um absurdo. E a saúde melhorou, quando ele deixou de apoiar os bumbás? Nada. Está é piorando”, disse um torcedor, indignado.
Secretários estaduais, que faziam revoadas com convidados para Parintins, terão que viajar por conta própria. “A estimativa de custo do Governo do Estado, que antes, como mostra a planilha que o teu portal divulgou, era de R$ 18 milhões, cai para R$ 2 milhões com os cortes, inclusive do repasse para Caprichoso e Garantido. Ou seja, a farra de gasto do dinheiro público não era dos bois”, disse outro participante da reunião.
O prefeito de Parintins, Alexandre da Carbrás, fez uma viagem a Brasília, semana passada, e tem outra rodada de encontros na capital federal amanhã (30/05), em busca de recursos. Ele foi às rádios da Ilha Tupinambarana reclamar por ter ficado de fora da reunião dos dirigentes de Garantido e Caprichoso com o governador José Melo.
“O governador, que nunca atendeu um telefonema nosso, perguntou na reunião se os presidentes dos bois aceitavam a presença do prefeito. Ficamos surpresos, mas admitimos a presença dele. Foi quando o procuraram e ele tinha ido embora”, explicou o presidente do Caprichoso, Joilto Azedo, falando à rádio Clube, em Parintins, no programa do ex-prefeito Enéas Gonçalves, durante entrevista onde Carbrás se queixava.
Durante a semana, em Parintins, os dirigentes de Caprichoso e Garantido reuniram com os artistas, nos galpões, e entre eles, buscando alternativas para manter o Festival Folclórico. O azul e branco parece decidido a cortar mais nos custos e menos em pessoal. O vermelho e branco menos nos custos e mais no pessoal. Tradução: a rivalidade está se impondo e artistas do Garantido ainda pensam em ganhar o título; os do Caprichoso viram cair a ficha e entenderam que a festa inteira está ameaçada, mas já falam em retomar o ritmo para não ficar atrás do “contrário”. É a rivalidade tentando se impor à realidade.
As reuniões também aconteceram em Manaus, com fornecedores e demais atores comprometidos com a festa. Todos tentam fugir da pecha de “coveiro do Festival”, que parece mesmo destinada ao governador José Melo.
Mín. ° Máx. °
