Uma organização criminosa liderada pelo prefeito do município de Tapauá, Zezito (PMDB), é suspeita de desviar R$ 60 milhões de verbas públicas por meio de fraudes em licitações na cidade do interior do Amazonas. Até o momento, dez pessoas foram presas incluindo o prefeito, durante a Operação Tapauara, deflagrada na manhã desta terça (28) pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
O procurador-geral de justiça Fábio Monteiro, chefe do Ministério Público, informou que 99% dos vereadores do município recebiam “mensalinho” estimado em R$ 2 a R$ 3 mil para aprovar as atividades do prefeito. Entre os dez presos, seis foram capturados no próprio município de Tapauá e quatro em Manaus.
“Comprovamos durante as investigações que todos os vereadores, menos um, recebiam ‘mensalinho’. O prefeito e o presidente da Câmara interligavam as negociações entre parlamentares com o dono da empresa. Eles (vereadores) também receberam um bônus de R$ 5 mil. Fizemos imagens dos pagamentos que aconteciam em Manaus. Eles estavam preparados, porque mudavam de carros e locais”, explicou o procurador-geral.
O procurador-geral também contou, durante coletiva de imprensa na manhã de hoje, que na operação controlada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o empresário “Waltinho” foi filmado entregando propinas a um integrante da Câmara dos Vereadores, pedindo que este concordasse com medidas promovidas pelo prefeito.
“A empresa V.W. Comércio, Construções e Transportes LTDA era favorecida com as licitações. Representantes desta empresa também escolhiam outras instituições que ganhariam as outras licitações. Durante as investigações comprovamos que a empresa que ganhava não cumpria os trabalhos e recebia a verba de forma pontual”, ressaltou Fábio Monteiro.
Um policial militar que comandava as ações de segurança no município também foi preso. “Esse desvio acontece há anos. Os que foram presos em Tapauá já estão em Manaus e serão ouvidos na tarde de hoje, depois serão encaminhados para unidades da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária)”, disse.
Conforme a assessoria de imprensa do MP-AM, vários delitos foram praticados pela organização, dos quais se destacaram os crimes de ameaças, uso de “laranjas”, corrupção ativa e passiva, fraudes a procedimentos licitatórios, lavagem de dinheiro, abuso de autoridade, dentre diversos outros delitos gravíssimos, com fito de lograr a consumação e consequente obtenção e distribuição do proveito dos crimes entre eles.
Denúncia há dois meses
Conforme o procurador-geral, as investigações iniciaram após uma denúncia recebida dois meses atrás. “Já tínhamos informações tímidas sobre a corrupção que acontecia no município. Mas fomos procurados novamente com informações dessa organização criminosa que oferecia um favorecimento exclusivo para a empresa W. V. Construções e aprofundamos as investigações”, disse Fábio Monteiro.
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