MANAUS - Um homem de 37 anos foi preso na terça-feira (18) suspeito de ter estuprado a sobrinha de 11 anos, em Manaus. A vítima contraiu HIV e está internada em estado grave. No hospital, ela pediu para a psicóloga da unidade escrever uma carta ao tio. "Ela disse que o perdoava por tudo o que ele tinha feito e também por ele ter pedido para ela não gritar", disse a delegada Juliana Tuma, da Delegacia Especializada em Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca).
O pedido de prisão do homem foi representado no dia 12 deste mês, após a carta confirmar os atos de estupro. Com a internação da criança, a delegada conta que o hospital notificou a polícia sobre o possível caso de abuso sexual, o que deu início às investigações.
"A gente recebeu essa notificação compulsória do hospital e passou a investigar. Tentamos fazer entrevistas com essa criança e a gente percebeu que ela ficava muito abalada", contou Tuma.
A menina recebeu visita de uma perita do Instituto Médico Legal (IML) e realizou exame de corpo de delito. O laudo atestou abuso sexual crônico. "A partir daí nós fizemos uma avaliação psicológica que conseguiu atestar inclusive um pedido dessa vítima de fazer uma carta para o tio, dizendo que o perdoava", afirmou a delegada.
À psicóloga, a vítima teria afirmado que o abuso ocorreu apenas uma vez, mas não soube informar a data. Segundo a delegada, o laudo do IML comprova que o crime ocorreu várias vezes. Durante as investigações, a polícia constatou ainda uma tentativa de esconder o suspeito por parte dos pais da vítima.
"O suspeito disse que não morava com ela [vítima], mas que todos os dias visitava os pais dela após o trabalho. Todas as vezes que a gente perguntava dos pais dela sobre ele [suspeito], os pais sempre davam um jeito de esconder o nome dele, então a gente percebeu algo muito estranho desde aí", contou a delegada.
A criança está internada em estado grave na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, com tuberculose adquirida em decorrência da Aids. A delegada afirmou ainda que o tio sabia que portava a doença, mas nega ter cometido o crime.
Em declaração à imprensa, o suspeito voltou a negar ter estuprado a criança. "Estão me acusando de uma coisa que eu não fiz, eu não estuprei ela. Eu não sei como ela tem essa doença, eu tenho minha consciência limpa quanto a isso", afirmou.
Questionado sobre a carta, ele disse acreditar que a menina tenha sido influenciada a dizer as palavras. "Como as pessoas estavam conversando com ela, acho que pressionaram ela a falar aquilo. Uma criança não ia falar o que ela falou nessa carta", disse o suspeito.
O homem será indiciado por estupro de vulnerável. Ao término dos procedimentos cabíveis ele será conduzido ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), onde permanecerá à disposição da Justiça.
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