Assim como ocorreu com os delegados Costa e Silva e João Tayah, que disputaram cargos políticos no pleito de 2020, o Governo do Amazonas voltou a transferir servidores que divulgam as ações da Polícia Civil nas redes sociais. Desta vez, o alvo da delegada-geral Emília Ferraz foi o investigador Daniel Lima, lotado no 3° Distrito Integrado de Polícia há mais de 10 anos. Daniel passou a ganhar notoriedade na capital por conta do grande número de celulares roubados que ele conseguiu recuperar para as vítimas, mas principalmente por combater as festas clandestinas que estariam ocorrendo na cidade em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Nesta quinta-feira, 11, o investigador compareceu até a sede da Delegacia Geral de Polícia Civil, localizada no bairro Dom Pedro, em Manaus, para assinar a Portaria n° 0225/2021 – GDG/PC, que determina a transferência do policial para o município de Alvarães, distante 531 quilômetros da capital.
Para Daniel, não há motivo legal informado para a transferência. A principal suspeita é que ele esteja sendo alvo de perseguição política por parte da alta cúpula da segurança do estado, mesmo sem ser filiado a partidos políticos. “Injustiça e perseguição por trabalhar corretamente. Fui mandado embora de Manaus, para longe da minha família por conta da vaidade. Sou policial civil há mais de 10 anos e sempre trabalhei honestamente, pelo bem e em prol da sociedade amazonense. É inadmissível certas atitudes por conta do ego. E não somente eu, mas outros colegas foram trocados dos locais de trabalho por estarem em evidência. Não me calarei diante disso”, disse o policial ao Portal Holofote.
Ainda de acordo com o investigador, ele procurou a delegada-geral da Polícia Civil (PC-AM), Emília Ferraz, mas não foi atendido.
O policial afirmou ainda que não entendeu porque só foi notificado hoje, 11 de março, uma semana após a publicação da portaria, que ocorreu no dia 05.
Comenta-se nos bastidores da Polícia Civil que Daniel teria virado alvo de perseguição após uma operação que fechou uma festa clandestina no último domingo, 07, na BR-174. Na ocasião, mais de 100 pessoas foram detidas, incluindo um DJ italiano que teria recebido cerca de R$ 15 mil para tocar no evento. De folga, Daniel teria recebido a denúncia da festa ainda pela manhã e repassou para a Secretaria de Segurança, que montou campana à noite e confirmou a denúncia repassada pelo investigador. O que não teria agradado a cúpula da SSP-AM e até agentes do DETRAN-AM que participaram da operação, foi a repercussão do caso nas redes sociais, onde páginas de notícias divulgaram a ação e exaltaram o trabalho do investigador, que poderia ter ignorado a denúncia, uma vez que estava de folga do trabalho.
Procuramos a assessoria da Polícia Civil para comentar o caso, mas nossas ligações não foram atendidas até o fechamento desta publicação.
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