O motorista de aplicativo Paulo Lima, 27, denunciado pelo crime de homofobia após agressão contra um jovem identificado como Clayton Oliveira, se colocou à disposição na tarde desta sexta-feira (14) para prestar esclarecimentos sobre o caso na sede do 10° Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Em seu depoimento, Paulo falou que estava chegando em final de expediente, mas resolveu aceitar a corrida de Clayton para não ser bloqueado no aplicativo 99. O motorista disse que o jovem lhe mandou uma mensagem indecente antes da corrida.
“Quando rejeitamos muitas corridas somos bloqueados no aplicativo, mas resolvi aceitar a corrida dele. Ele me mandou mensagem perguntando se eu queria uma mamada para relaxar. Ignorei a mensagem e fiz a corrida. Era por volta de 1h44, entrou bêbado no carro e não estava usando máscara. Sempre que eu ia trocar a marcha do carro tentou me alisar. Reclamei, mas fez um sorriso sarcástico”, disse.
Paulo contou que Clayton sentou no banco da frente e não usava máscara, desrespeitando as regras de prevenção da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O motorista alega que o rapaz passou a mão em suas partes íntimas e agrediu o rapaz.
“Dei apenas um soco nele. Assumo meu erro. Nem sabia daquele estrago todo. Eu não estou arrependido, até porque fui abusado. Se fosse em outro lugar seria pior. Quando falei que ele ia para a delegacia ameaçou que iria se jogar do carro. A corrida durou de cinco a 10 minutos”, relembra.
Histórico
Durante sua defesa, Paulo contou que Clayton tem histórico de aliciar motoristas de aplicativo na capital amazonense. Ele diz que está sofrendo ameaças por várias pessoas.
“Estou muito chateado e abalado com tudo isso. Fui taxado de homofóbico, coisa que eu nem sou. Um rapaz homossexual mora comigo e com a minha esposa, mas não tenho nada contra ele. Tudo é questão de respeito.
Ele alega que já foi assediado por mulheres e recebeu convite para relações sexuais em motéis de Manaus. Após o ocorrido, o motorista solicitou apoio de uma viatura, mas não encontrou. Ele fez uma corrida e seguiu para sua residência.
Relembre o caso
Clayton denunciou o caso em sua conta no Instagram na tarde desta quinta-feira (13). Ele diz que foi vítima de homofobia praticada por um motorista de aplicativo. O rapaz que foi espancado após descobrir que o passageiro era homossexual.
De acordo com o relato do jovem, ele regressava da casa de um amigo no bairro Alvorada, na zona Centro-Oeste de Manaus, quando foi questionado pelo motorista do carro se “era gay”.
“Eu disse que sim e então comecei a ser espancado, levando socos e gritos de que ‘viado’ precisa morrer”, relatou em sua postagem.
Em seguida, segundo o relato, ele passou a ser brutalmente espancado e, para encerrar as agressões, precisou pular do carro em movimento, pedindo ajuda em seguida em um posto de gasolina. Na pressa, teria pego apenas uma de suas bolsas, deixando para trás objetos pessoais que ele afirma terem sido roubados pelo motorista.
Resposta da 99
Em nota, a 99 informou que vai colaborar com as investigações da polícia e diz que não é a favor de nenhum caso de homofobia.
“Gostaríamos ainda de informar que estamos disponíveis para colaborar com as investigações das autoridades, se necessário. Isso porque, na 99, temos uma política de tolerância zero em relação ao preconceito LGBTI+ e qualquer outra forma de discriminação ou desrespeito”, explica a nota.
A Polícia Civil irá fazer uma investigação em torno do caso para descobrir o que realmente aconteceu.
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