O anúncio da contratação do goleiro Bruno Fernandes, feito na madrugada do último domingo, continua gerando consequências para o Rio Branco-AC, que já até perdeu o patrocinador da base. Nessa terça-feira (28/7), a treinadora do time feminino, Rose Costa, pediu o desligamento do clube e publicou um pronunciamento nas redes sociais em que relacionava a saída com a contratação do jogador condenado por homicídio triplamente qualificado no caso Eliza Samudio. Em contato com o Papo de Mina, a ex-comandante da equipe acreana reiterou sua indignação com o fato.
“Ele foi condenado por ser mentor de um crime contra a sua companheira e exposição de risco do próprio filho. Existe um agravante de crime hediondo, de não ter demonstrado arrependimento, e o esporte de rendimento, principalmente o futebol, é também formação de cidadão, uma vitrine maior do que qualquer coisa. A vinda do Bruno não contribui para a formação cidadã da base e para a história linda do Estrelão [apelido do clube]”, contou Rose Costa.
“Como você vai trabalhar a formação de atleta e cidadão em um clube que contrata um goleiro que é um feminicida? Eu me nego a fazer parte disso. Não tenho nada contra o presidente e nem nada contra a diretoria, mas essa foi uma decisão infeliz”, acrescentou.
Rose foi anunciada pelo Rio Branco em janeiro de 2020 para retomar as atividades da modalidade após quatro anos. A técnica, que também é professora de educação física no Colégio Acreano, se comprometeu com a montagem do elenco profissional e realizou peneiras para captar os talentos locais. O acordo verbal não previa pagamentos.
“A ideia era que a gente estendesse para o campo. Nós tivemos uma conversa e ficou combinado de que o Rio Branco não tinha condição de dar salário para o feminino. Eu me comprometi a fazer esse trabalho mesmo sem nenhum tipo de remuneração. A minha ideia era trabalhar as categorias de base e uma profissional porque amo e respeito o clube”, disse.
Segundo a treinadora, o elenco profissional treinava desde o começo de fevereiro, quando os trabalhos foram interrompidos devido à pandemia do novo coronavírus. No entanto, o presidente Neto Alencar alegou à reportagem que os treinos não chegaram a acontecer, e ressaltou que o desligamento de Rose não atrapalhará o desenvolvimento da modalidade feminina.
“Ela mandou um WhatsApp dizendo que não iria mais, que estaria se desligando. Não tenho problema nenhum com treinador. Sai um, entra outro”, afirmou o cartola.
“Há muita resistência [sobre a contratação de Bruno], mas não é unânime. É um empate técnico. Estão fazendo isso porque querem crucificá-lo. Vai ser uma prisão perpétua? É isso? Se o nosso código penal diz que não tem prisão perpétua, nem pena de morte, não somos nós que temos que julgar isso. Não posso deixar o cara eternamente sem trabalhar. Ele tem família para sustentar. Todo mundo erra.”
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