O advogado Euler Carneiro, de 41 anos, teve nesta quinta-feira (18), a conversão da prisão temporária do processo, em que responde por acesso indevido a processos judiciais sigilosos e vazamento de informações de operações policiais, para a prisão domiciliar. A informação foi confirmada pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Amazonas (OAB-AM), Marco Aurélio Choy.
Euler Carneiro foi preso no seu escritório de advocacia, na última segunda-feira (15), por volta das 9h, no conjunto Campos Elíseos, na Zona Centro-Oeste de Manaus, ao longo da operação "Spy" deflagrada pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). As investigações apontaram que Euler e um estagiário de direito, de 29 anos, acessavam de forma clandestina processos que envolviam criminosos de Manaus.
Segundo a investigação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), em posse dessas informações, eles identificavam os alvos das operações que a polícia ainda realizar e repassavam detalhes dos processos em troca de valores altíssimos. Um dos alvos chegou a negociar o pagamento de R$ 40 mil por uma informação.
O delegado Rafael Allemand, durante a coletiva de imprensa sobre a prisão, declarou que um dos beneficiados com o esquema foi o líder de uma facção criminosa que atua no Estado. Thiago Mineiro era um dos principais distribuidores da organização criminosa e, mesmo sabendo da ação, a polícia conseguiu localizá-lo durante as investigações. Ele foi preso no início de junho.
Condições da prisão
Marco Aurélio Choy informou que a OAB-AM estava se manifestando apenas sobre o local da custódia do advogado. Conforme ele, a prerrogativa da advocacia prevista em lei federal assegura que o advogado seja custodiado em uma sala de Estado maior.
"A decisão originaria foi conduzi-lo ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM1) e, em seguida, foi determinado que ele fosse para uma sala na Cavalaria da Polícia Militar. Só que, na verdade, é que pegaram um depósito de materiais de limpeza e transformaram em cela improvisada. Imprimiram uma folha de papel A4, onde estava escrito Cela Especial e levaram o advogado para lá", explicou Choy sobre as condições onde o advogado estava preso.
O presidente da OAB-AM informou, ainda, que o desembargador relator do processo, tendo conhecimento das condições em que o advogado estava, decidiu determinar a prisão domiciliar do advogado Euler Carneiro. A OAB-AM deve instaurar procedimento ético-disciplinar de apuração do fato.
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