Publicidade

Seja bem-vindo
Manaus,10/07/2025

  • A +
  • A -

Poluição em Manaus tem queda histórica de 64% durante isolamento social

Sétimo boletim do Atlas ODS Amazonas revelou dado histórico devido redução no trânsito na capital.

A Crítica
Poluição em Manaus tem queda histórica de 64% durante isolamento social Divulgação
Publicidade

A implementação do isolamento social em Manaus implicou na redução histórica de 64% no índice de poluição do ar na capital amazonense. É o que aponta o sétimo boletim do Atlas ODS Amazonas, divulgado nesta quinta-feira (21). O estudo que reúne resultados de pesquisas de ponta de instituições acadêmicas do Estado indicou, também, a queda de 85% da atividade industrial e no comércio na capital amazonense. Na última segunda, um estudo publicado no Atlas apontou picos de óbitos a cada 18 dias de pico de movimentação intensa no trânsito, durante o perído de pandemia.


Os estudos divulgados nesta quinta buscam revelar a trajetória e as ‘portas de entrada’ para a proliferação do novo coronavírus (Covid-19) no Amazonas. Essa é a segunda edição do boletim publicada em menos de uma semana. Essa é a primeira vez que uma pesquisa revela o efeito de medidas de isolamento comparado a emissão de gases que contribuem com o aquecimento global, no Estado.


O cenário de redução de gases poluentes na atmosfera local pode também contribuir para reduzir a proliferação da Covid-19, de acordo com o estudo. "A exposição ao MP2,5 (gás poluente analisado) causa aumento da mortalidade e morbidade respiratória e cardiovascular, asma e infecções respiratórias. Estudos recentes indicam que esse material também pode favorecer a disseminação da Covid-19, aumentando o potencial de contágio pelo vírus", diz trecho da pesquisa "Política de distanciamento social e a qualidade do ar na área urbana de Manaus".


O estudo é assinado por professores do Programa de Pós-graduação em Clima e Ambiente (CLIAMB), Rodrigo Souza e Adan S. Medeiros, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), além do membro do painel global sobre mudanças climáticas (IPCC), Igor Ribeiro. O Atlas tem a coordenação geral do Prof.º Henrique dos Santos Pereira, Phd, coordenação técnica do Prof.º Danilo Egle Santos Barbosa, Phd, e tem como pesquisadores colaboradores a Prof.ª Dr.ª Suzy Cristina Pedroza da Silva  e Bruno Cordeiro Lorenzi. 


Outras quedas


O efeito cascata do isolamento ocasionou outra queda histórica. O consumo de gasolina caiu para o nível mais baixo de venda dos últimos 20 anos, só em Manaus. A pesquisa considerou o cenário desde o ano 2000 e obteve um resultado de queda de consumo em 20%, desde o início do isolamento no Estado.


O estudo também revela picos de trânsito aos finais de semana durante o período da pandemia. A produção de lixo doméstico na capital segue a mesma trajetória de picos detectados na movimentação de carros, e saltam durante os finais de semana.


Apesar disso, a pesquisa revelou que houve uma redução de 11% na produção do lixo domiciliar. De acordo com a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), órgão oficial que administra recolhimento de lixo na cidade, o índice se deve à redução da renda da população durante o período da pandemia, o que encontra eco no estudo divulgado pelo Atlas.


O número de passageiros no Aeroporto Internacional de Manaus teve uma redução de 21,7% no mês de março e de 91,7% em abril, relativas aos mesmos períodos em 2019, conforme a pesquisa.


Para obter os dados, os cientistas consideraram cenário antes e depois das medidas de isolamento adotadas no Estado por meio de decretos, sendo considero dia 1 de janeiro a 20 de março como período pré-isolamento e 21 de março até 15 de maio, pós-isolamento.


Empresariado


A pesquisa busca entender como o empresário do comércio de Manaus percebe os efeitos da pandemia na atividade comercial e industrial. Aspectos como o nível de preocupação, demissões, paralisação durante a crise, percepções quanto as medidas de isolamento social, foram analisadas pelos cientistas.

Atualmente, a paralisação total ou parcial da atividade economica  no Estado atingiu  85%. 54% das empresas demitiram colaboradores e 6% acreditam que não sobreviverão à crise O sentimento não é só de pessimismo: empresários sentem-se desamparados pelos governos federal (54%) e estadual (75%).

Os pesquisadores alertam para o cenário recessão causado pela pandemia em Manaus. "Os indícios da formação de quadro recessivo são claros e demandam ação rápida e efetiva do setor público", conclui trecho do estudo.


Para salvar a economia, os pesquisadores sugerem uma ampliação na oferta crédito barato e rápido."As linhas de crédito disponíveis apresentam condições interessantes, mas são extremamente morosas e burocráticas, incompatíveis com a urgência do momento", explicam.


Outra medida para contecer avanço da crise sobre a economia, seria que a suspensão de tributos e a redução de tarifas podem auxiliar o processo de manutenção do fluxo de caixa, principalmente das micro e pequenas empresas. "A realidade que se forma é preocupante e o governo precisa, mais que nunca, agir para evitar a profunda perda de qualidade de vida na cidade", expõe.

Rios vetores

Em outro eixo de análise, os pesquisadores verificaram que quanto maior o número de viagens de barco realizadas saindo de Manaus, mais veloz é o aparecimento de casos de covid-19 nos municípios do interior do Amazonas. Essa semana o número de infectados no interior ultrapassou ao número registrado na capital Manaus, com quase 2 milhões de habitantes.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Fundação Vigilancia Em Saúde (FVS-AM), enquanto se observa a desaceleração do número de casos na capital, o número de notificações aumenta a cada dia nos municípios do interior do estado. Nas últimas semanas, houve o aumento da proporção de casos nos municípios do interior do estado. Do total de casos confirmados no Amazonas, 47,7% (9.380/19.677) são de residentes do interior.


Conforme o boletim, atualmente, há casos confirmados de Covid-19 em 60 (96,7%) municípios do Amazonas. Santo Antônio do Içá (1.833 casos/100 mil hab.) e Amaturá (1.456 casos/100 mil hab.) são os municípios com maiores taxas de incidência da doença no estado. No Amazonas, a taxa de incidência média de Covid-19 é de 475 casos por 100 mil habitantes, quatro vezes superior à taxa média nacional que é de 144,7 casos por 100 mil habitantes. Por áreas regionais, as maiores incidências são nas regiões do Rio Juruá e Alto Solimões, com 775 e 692 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.

Os pesquisadores da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado do Amazonas (ARSEPAM), que publicaram o estudo no Atlas, utilizaram dados de abril de todas as viagens regulamentadas realizadas partindo de Manaus, e o número de óbitos registrados até 18 de maio em cada município de destino.

Os pesquisadores concluem que quanto menor o número de viagens, mais tempo decorreu entre o surgimento do primeiro caso diagnosticado no município.

"Essas observações sugerem que, como poderia ser previsto, um maior número de viagens partindo de Manaus pode aumentar a probabilidade de difusão da doença do epicentro da pandemia para outra região, assim como, provocar a inserção de mais indivíduos contaminados na cidade de destino, produzindo uma aceleração da progressão da pandemia naquela determinada população. Isso também explicaria a “precocidade” da difusão da pandemia e elevada taxa de incidência em municípios distantes de Manaus como Santo Antonio do Iça (881 km) e Tonantins (872 km). Também poderia explicar por que a difusão e a progressão da pandemia em outros municípios igualmente distantes, como Itamarati (985 km) ou mais próximos como São Sebastião do Uatumã (247 km) tenham sido mais lentas", explicam.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.