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Rotina criada por Moro para escapar de hackers pode dificultar investigação de denúncias contra Bolsonaro

Moro revelou que criou uma rotina de apagar periodicamente todas as mensagens do seu celular depois que foi alvo de hackers.

06/05/2020 às 12h14
Por: Fernanda Souza Fonte: Extra
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Reprodução
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A divulgação do teor do depoimento dado por Sergio Moro trouxe à tona detalhes do que ele classificou, ao se demitir do Ministério da Justiça, como tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal — principalmente na Superintendência do Rio de Janeiro. O ex-juiz da Lava-Jato foi ouvido a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, dentro do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para averiguar as denúncias feitas por ele quando deixou o governo, em 24 de abril.

No entanto, um hábito adquirido pelo ex-ministro desde o ano passado pode dificultar a comprovação de parte do seu relato. Moro revelou que criou uma rotina de apagar periodicamente todas as mensagens do seu celular depois que foi alvo de hackers — trocas de mensagens entre integrantes da força-tarefa da Lava-Jato no aplicativo Telegram foram divulgadas e viraram uma série de matérias do site “The Intercept”. Trecho do depoimento prestado no último sábado pelo ex-juiz à PF diz que: “O Declarante (Moro) também esclarece que tem só algumas mensagens trocadas com o Presidente, e mesmo, com outras pessoas, já que teve em 2019 suas mensagens interceptadas ilegalmente por HACKERS, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente; que o Declarante esclarece que apagava as mensagens não por ilicitude, mas para resguadar, privacidade e mesmo informações relevantes sobre a atividade que exercia, inclusive questões de interesse nacional”.

Moro afirmou em seu depoimento que recebeu mensagem de celular de Bolsonaro na qual o presidente teria dito expressamente que “queria” a Superintendência do Rio, sem explicar seus interesses específicos nesse cargo. “Recebeu mensagem pelo aplicativo de WhatsApp do Presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, agora Carlos Henrique; que a mensagem tinha, mais ou menos, o seguinte teor: ‘Moro, você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro’”, diz a transcrição do depoimento, divulgada ontem.

Apesar de Moro ter dado seu telefone celular para a PF fazer cópia das conversas, fontes da perícia apontam que esse diálogo era antigo e ainda não foi localizado. No longo depoimento, transcrito em dez páginas, o ex-ministro detalhou as pressões feitas pelo presidente para trocar cargos na corporação desde agosto de 2019, que incluíam mudar o superintendente do Rio e demitir o então diretor-geral Maurício Valeixo — que acabou sendo exonerado no último dia 24, o que levou o ex-ministro a deixar o governo.

Uma das primeiras medidas do novo diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza, nomeado segunda-feira (4) foi chamar o superintendente do Rio, Carlos Henrique Oliveira, para ser diretor-executivo em Brasília — ainda não foi divulgado quem irá substitui-lo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu nesta terça-feira investigar se há motivos indevidos para a troca no Rio. O caso será analisado no mesmo inquérito aberto no STF para o qual Moro deu depoimento.

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