Por ser economicamente acessível, a bicicleta além de ferramenta de transporte e lazer, pode ser uma excelente fonte de renda. Em torno dessa constatação, os debates da oitava edição do Fórum de Bicicletas Manaus (FBM8), organizado pelo coletivo Pedala Manaus, serão desenvolvidos nos dias 17 e 18 desse mês, em dois locais. Venda de merenda, bicientregas e cicloturismo são apenas algumas das possibilidades de negócios relacionados à magrela.
O primeiro dia do evento será no Departamento Regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Amazonas), no Distrito Industrial 1 (Bola da Suframa), das 8h30 às 16h30, e o segundo e último dia será no estacionamento da Caloi Norte S.A., Distrito Industrial (das 8h ao meio dia), na Zona Sul de Manaus.
Mais que sustentável
O objetivo principal do fórum desse ano é mostrar que a bicicleta, além de sustentável, também pode contribuir economicamente com as cidades e ser uma ferramenta de trabalho para seus habitantes. Para isso, o evento promoverá debates, painéis, apresentação de projetos, mesas redondas com participação do poder público municipal, da iniciativa privada e de representantes de ONGs que atuam na melhoria da mobilidade urbana nas grandes cidades.
Entre os palestrantes no primeiro dia do fórum estará o empreendedor Rodrigo Valério, que trabalha com “bike-merenda” e há dois anos percorre as ruas do Centro de Manaus na sua bike vendendo salgados fritos e assados. Ele discutirá o tema “Empreendendo de bike”, usando como mote a própria trajetória pessoal quando, após uma demissão, enxergou na sua bicicleta uma potencial ferramenta de trabalho. Assim nasceu o seu negócio próprio que ele batizou como “Merenda do Rodrigo”.
“Após ficar desempregado e chegar a viver pedindo fiado no mercadinho perto da minha casa, decidi abrir o meu próprio negócio. Minha mulher me convenceu a vender salgados. No primeiro dia a meta era vender 40 salgados, mas vendi 80. Com o sucesso fui adaptando a bicicleta com uma caixa na traseira e um espaço para colocar uma estufa de salgados na frente. Criei um padrão de trabalho. Será maravilhoso compartilhar com outras pessoas como eu saí do ‘vermelho’”, contou ele, que chega a vender 120 salgados por dia.
Para a coordenadora do Pedala Manaus, Nádia Aguiar, entender a bicicleta como fonte de emprego e renda é especialmente relevante porque os negócios ligados a ela também ganham espaço, como atividades envolvendo bicientregas, cicloturismo, bike sharing (compartilhamento de bicicletas), entre outros.
“Pesquisas mundo afora e também no Brasil já comprovam que usuários da bicicleta consomem mais, uma vez que o modal facilita o acesso rápido e fácil aos produtos encontrados no percurso do ciclista. É inegável o resultado positivo tanto para economia como para o meio ambiente investir em bicicleta e em todas as suas possibilidades”, destacou.
Segundo outro coordenador do coletivo Pedala Manaus, Paulo Aguiar, por conta do atual momento econômico que o Brasil vive, a bicicleta deve ser enxergada como potencial fonte alternativa de trabalho para muita gente.
“Manaus é a capital das Américas que mais produz bicicleta. Mesmo assim, não existem políticas públicas que ofereçam uma boa infraestrutura aos ciclistas. É uma oportunidade que perdemos, de sermos um exemplo de cidade sustentável”.
Aumento de10,8% neste ano
As fabricantes de bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) produziram 773.641 unidades em 2018, volume 15,9% superior ao registrado no ano anterior (667.363 unidades), conforme dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). A entidade prevê um crescimento de 10,8% na produção de 2019, com a possibilidade de chegar a 857.000 unidades.
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