Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro(PSL) colecionou declarações polêmicas ao atacar governadores do Nordeste, contestar dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e fazer insinuações sobre as causas da morte de Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que desapareceu durante a ditadura. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, no entanto, o chefe do Executivo afirmou não estar preocupado com a repercussão negativa das falas.
“Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com 2022 não dava essas declarações”, disse o presidente após cerimônia em que lançou um amplo processo de flexibilização de segurança e saúde do Trabalho, nessa terça-feira (30/07/2019).
Ao ser questionado sobre as declarações em relação ao desaparecimento do pai do presidente da OAB, Bolsonaro voltou a se justificar e disse que a entidade atuou para impedir que se chegasse ao “mandante da tentativa de assassinato”, ao se referir ao atendado à faca sofrido por ele. O mandatário brasileiro insiste que a quebra de sigilo telefônico de um advogado de Adélio Bispo daria um novo rumo à história.
Massacre em Altamira
O presidente, mais uma vez, não aprofundou os comentários sobre o massacre no presídio de Altamira, no Pará, onde 58 detentos morreram, dos quais 16 foram decapitados. Esta foi a maior carnificina em cadeias desde a registrada em Carandiru (SP), em 2001, quando 111 detentos foram assassinados.
“Já disse pela manhã na porta do [Palácio] Alvorada. Você estava lá? Pergunte às vítimas dos facínoras. Pergunte para elas o que acham, não vou criar polêmica”, encerrou o presidente. Mais cedo, o chefe do Executivo já havia rebatido pergunta de jornalistas sobre o caso. “Depois que eles responderem, eu respondo”, finalizou.
Eduardo embaixador
O presidente ainda destacou que cabe aos senadores aprovarem o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos. O filho zero três tem sido cotado pelo pai para assumir a o posto máximo da representação brasileira por considerá-lo próximo ao presidente norte-americano, Donald Trump. “A decisão é do Senado. Acho que a declaração do Trump hoje ajuda”, comentou Bolsonaro.
Nessa terça, o mandatário dos EUA afirmou estar feliz com a indicação de Eduardo para a embaixada e não considerou o caso como nepotismo, pois Eduardo teria ajudado o pai durante as eleições. “Conheço o filho dele [Jair Bolsonaro], e eu considero que o filho dele é extraordinário, um jovem brilhante, incrível, estou muito feliz pela indicação”, disse Trump.
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