Ao intervir pessoalmente para derrubar a indicação de Ilona Szabó,cientista política do Instituto Igarapé, ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o presidente Jair Bolsonaroquebrou nesta quinta-feira a promessa feita a Sergio Moro de garantir “liberdade total” para nomeações no Ministério da Justiça.
No dia 1º de novembro do ano passado, o presidente explicou, em uma entrevista à imprensa, os termos do convite que havia feito ao então juiz federal de Curitiba para integrar o primeiro escalão do seu governo. Moro, segundo Bolsonaro, queria “liberdade total” para combater a corrupção e o crime organizado e um ministério “com poderes para tal” missão. O presidente acrescentou que a liberdade dada por ele a Moro se estendia a “nomeações”.
– Ele queria liberdade total para combater a corrupção e o crime organizado e um ministério com poderes para tal... Bem como nomeações. Ele tem ampla liberdade realmente para exercer o trabalho lá. Da minha parte, sempre fui favorável a isso. Dei sinal verde – disse Bolsonaro.
Nesta quinta-feira, depois de receber uma ligação do presidente, o ministro Moro teve que retirar a indicação de Ilona Szabó . Escolhida por Moro com o objetivo de garantir que o colegiado tivesse pensamento plural, Ilona foi desconvidada por causa da reação de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, que não perdoam a especialista em segurança pública por criticar a liberação de armas de fogo à população, bandeira dos seguidores de Bolsonaro. Ao GLOBO, a própria Ilona definiu nesta quinta, o que ocorreu :
– Teve uma conversa entre o ministro e o presidente e ele (Moro) sentiu que não dava para manter a minha nomeação – disse a especialista.
– O que eu lamento, é que a gente não deve ver pessoas que pensam diferente como inimigas. O presidente não deveria ver pessoas que pensam diferente como inimigas. Acho que a tolerância precisa ser mote de um governo que tem tantos desafios pela frente – complementou.
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