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'A sensação é de dever cumprido', diz amazonense voluntário em Brumadinho

Acompanhado de cinco colegas, o empresário Álvaro Fernandes, auxiliou nas buscas pelas vítimas do rompimento da barragem

19/02/2019 às 16h36
Por: Jéssyca Seixas Fonte: A Crítica
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Reprodução
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Seis amazonenses decidiram largar tudo em Manaus e se encaminharam, de forma voluntária, para o local do rompimento da barragem na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. Os homens que fazem parte do grupo de resgate internacional Topos Aztecas passaram 15 dias ajudando nos trabalhos de resgate dos corpos. De volta aos seus lares, o sentimento é de dever cumprido e de gratidão por ter sido uma "mão amiga" durante a tragédia, que até o momento, vitimou 166 pessoas.

Vice-presidente do grupo de voluntários, entidade que no País tem sede no Amazonas, o técnico de segurança e empresário, Álvaro Fernandes, viajou para Brumadinho no dia 29 de janeiro e retornou na semana passada. Aos 36 anos, ele conta que se chocou ao ver a destruição ocasionada pelo rompimento da barragem tanto no lado ambiental, como na vida de tantas famílias.

Álvaro, que também é bombeiro civil, lembra que o grupo viajou apenas com as passagens de ida e volta na mão. Eles "largaram" suas famílias, casas e conforto para ajudar as pessoas. "Participo de um grupo de resgate internacional e toda vez que acontece uma catástrofe, a brigada é acionada. Quem tiver mais próximo, verifica a disponibilidade para ir. No caso de Brumadinho, uma instituição religiosa de Miami realizou as doações das nossas passagens", explicou o integrante do Topos Aztecas.

Ao chegar em Brumadinho, o voluntário recorda que se surpreendeu com o cenário de destruição: casas derrubadas, roupas espalhadas pela lama e partes de corpos humanos em estado de decomposição. "Você enxergar tudo que aconteceu pela televisão é uma coisa, outra bem diferente é você participar das buscas. Encontramos um cenário que nos chocou um pouco, porque somos seres humanos. Não é comum achar pedaços de pessoas em estado de decomposição, mas tínhamos um foco e objetivo, e conseguimos cumpri-lo", afirmou.

Olhando pelo lado positivo desta tragédia, Álvaro encontra na receptividade dos moradores de Brumadinho uma boa lembrança. "O que mais me surpreendeu foi a receptividade das pessoas de Brumadinho. Saímos de Manaus com apenas as passagem de ida e volta, não saberíamos onde iríamos dormir, comer, mas acabamos ficando acolhidos em uma escola. Por onde a gente passava com a nossa farda, éramos aplaudidos pelas pessoas, e perguntavam o que estávamos precisando", lembrou, o empresário.

O grupo de voluntários que saiu de Manaus com destino a Brumadinho atuou nos resgates aos corpos das vítimas. Os amazonenses conseguiram encontrar cinco segmentos. "Fomos autorizados a realizar buscas no redor da vegetação atingida pela tragédia, que tinha 10 km. Lá tivemos muito trabalho, mas ainda conseguimos encontrar cinco segmentos de corpos. A bandeira do nosso grupo será a única a ser colocada na sede do Corpo de Bombeiros em Minas Gerais", comemorou.

Emoção

Álvaro lembra que comemorou a data do próprio aniversário ainda em Brumadinho. Nas redes sociais, ele comemorou a surpresa que membros de uma Igreja Católica da região realizaram para ele. "Ficamos alojados em uma escola da Igreja Católica e durante um dos dias foi realizada uma missa dedicada aos voluntários. Eles cantaram parabéns para mim e me emocionei muito", lembra.

Os voluntários do AM que atuaram no local da tragédia em Brumadinho, também auxiliaram o Corpo de Bombeiros no incêndio que atingiu o bairro Educandos no dia 17 de janeiro, na Zona Sul de Manaus. Com profissões diferenciadas, como técnico de enfermagem, mecânico, entre outros, eles auxiliam a rotina comum no trabalho e o trabalho de voluntariado. "Larguei tudo aqui e fui embora. Passei 15 dias e carrego uma sensação de dever cumprido e de gratidão. Agora, queremos realizar um curso de resgate para auxiliar as pessoas. Muitas querem ajudar nesses casos, mas não sabem como. Fomos para Brumadinho, mas já sabíamos como iríamos ajudar", disse.

Momento marcante

Ainda durante as buscas, Álvaro relata um momento especial ao lado de uma família de Brumadinho. Ele e os colegas do grupo de resgate almoçaram na casa destes moradores e receberam uma atenção bem especial.

"Estávamos fazendo as buscas próximo do rio, e teve um momento que fomos para a pista, para que o sinal do telefone voltasse. Neste momento, passou uma família com 19 pessoas, e convidaram a gente para almoçar. Fizeram um almoço e o proprietário da casa, em cada duas palavras que falava, chorava. Ficamos muito emocionados, porque foi impressionante termos sido tão bem recebidos na casa de pessoas que não conhecíamos", destaca o rapaz, acrescentando que quando estava em Brumadinho ficou recebendo ligações daquela família.

"Depois que saímos de lá, eles nos ligaram preocupados, e perguntaram se estávamos precisando de algo. Foram muitas emoções. Uma delas foi ter colocado a bandeira do Amazonas no monumento de Brumadinho", completou Álvaro.

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