A União Europeia (UE) reiterou nesta segunda-feira seus pedidos para que seja evitada uma intervenção militar na Venezuelaem favor de uma saída "pacífica, política e democrática" para a crise no país sul-americano.
— Devemos evitar a intervenção militar — disse Maja Kocijancic, porta-voz de Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia. — Precisamos de uma solução pacífica, política e democrática para a crise, que exclua a violência.
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o Brasil se opõe a uma intervenção militar, acreditando na pressão diplomática e econômica para buscar uma solução. "Sem aventuras", disse ele à TV Globo nesta segunda-feira, antes de participar em Bogotá de uma reunião do Grupo de Lima que discutirá a crise.
No fim de semana, o bloqueio das fronteiras determinado por Nicolás Maduro fez fracassar o chamado "Dia D" da oposição. A ideia do líder opositor Juan Guaidó e seus aliados internacionais era entrar na Venezuela com alimentos e suprimentos médicos, forçando os militares a escolher entre a lealdade a Maduro ou a abertura das fronteiras.
As alternativas para a solução do impasse se estreitaram, e o próprio Guaidó chegou a pedir no domingo aos países aliados que mantivessem "todas as opções na mesa", em uma referência a uma intervenção militar. O governo dos Estados Unidos tem repetido também que "todas as opções estão na mesa".
No início de fevereiro, a UE formou um Grupo de Contato para a Venezuela com países europeus e latino-americanos com o objetivo de facilitar uma saída política para a crise, com a convocação de eleições livres. O grupo, no entanto, foi criticado na época pelos governos mais alinhados aos Estados Unidos, como o brasileiro.
No fim de semana, autoridades americanas haviam acenado com a imposição de mais sanções à Venezuela, mas, nesse campo, Washington já usou sua arma mais poderosa em janeiro, ao impedir que a petrolífera estatal PDSVA exporte petróleo para os Estados Unidos, que era o destino de 40% de suas exportações.
— Estamos a favor de sanções contra Maduro e as pessoas mais próximas dele e que não piorem as vidas dos cidadãos venezuelanos — disse, por sua vez, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha, Maria Adebahr.
China pede solução política
O governo de Maduro ainda conta com o apoio de aliados-chave, incluindo Rússia e China. O governo de Pequim nesta segunda-feira disse esperar que a comunidade internacional possa fornecer ajuda "construtiva" à Venezuela com base no respeito à soberania do país, opondo-se à "interferência estrangeira nos assuntos internos da Venezuela" e ao uso da "ajuda humanitária para fins políticos".
"Mais uma vez, pedimos ao governo e à oposição na Venezuela que busquem uma resolução política que respeite a Constituição e a lei, e convocamos a comunidade internacional a fazer mais, algo que realmente beneficie a estabilidade, o desenvolvimento econômico e a melhoria dos meios de subsistência da Venezuela", disse o Ministério das Relações Exteriores chinês.
Desde 2015, 2,7 milhões de pessoas deixaram a Venezuela para países vizinhos, segundo estimativa da ONU. A escassez de alimentos e remédios no país é efeito de uma crise econômica precipitada em 2013 pela queda do preço do petróleo, seu principal produto de exportação. A crise, agravada por sanções econômicas americanas, provocou uma queda do PIB de 54% em quatro anos. Carente de divisas, a Venezuela deixou de importar produtos básicos, e a inflação, que chegou a mais de 1.000.000% no ano passado, corroeu o poder de compra dos salários.
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