Com as características de um candidato em campanha eleitoral, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), repercutiu sua visita ao ministro da Economia, Paulo Guedes, em Brasília, dizendo que defende a criação de novas matrizes econômicas para o Estado e citou segmentos como a Piscicultura e o Turismo, alternativas propostas por ex-governadores há mais de 20 anos, e nunca cumpridas.
Em release enviado à imprensa, o governador declara: “Vamos apoiar e incentivar para diversificar as atividades econômicas, não podemos viver só da Zona Franca de Manaus, que é intocável, mas precisamos desenvolver outras matrizes”. E completa: “Hoje, há um descompasso, com 88% das atividades concentradas no Polo Industrial de Manaus e só 12% nos outros municípios”, disse, sem dar detalhes de como executará as medidas.
Complexidade da obra
Wilson Lima, também, citou, em nota à imprensa, outra promessa antiga feita à população há quase quatro décadas: a pavimentação da BR-319. O assunto foi levado para a reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. “(…) reunimos com o ministro Onyx, que é muito sensível à desburocratização e em agilizar a pavimentação da BR-319”.
Nesse trecho da nota, o governador não explica como será a retomada da polêmica obra, envolvendo questões complexas como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), além da desapropriação de terras onde vivem comunidades tradicionais.
Autonomia em risco
Aliado político do Presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), Wilson Lima não divulgou, no release, se questionou a extinção do Ministério da Indústria e Comércio (Mdic) e as condições de realocação da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no Ministério da Economia que, segundo especialistas, representa um cenário de perdas da autonomia da autarquia no Amazonas.
É o que aponta o presidente do Sindicato dos Economistas do Amazonas (Sindecon-AM), Marcus Evangelista. “O modelo Zona Franca de Manaus tem as particularidades diferentes de qualquer outro setor do país. Eu não sei se o novo ministro, que vai ter uma série de atribuições, terá a atenção necessária que a modelo precisa para atrair novos investimentos e ao mesmo tempo proteger os incentivos fiscais da ZFM”.
Ministro liberal
Já o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), Francisco Mourão Júnior, questiona o perfil de Guedes. Ele disse que, embora os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus estejam garantidos pela Constituição Federal até 2073, o fato da pasta ser comandada por um economista de perfil liberal (Paulo Guedes), e que publicamente já havia se pronunciado contra quaisquer formas de subsídios às industrias, é observada “com prudência.”
A preocupação de Mourão Júnior com o perfil liberal do ministro da Economia se dá porque a doutrina político-econômica é conhecida por ser um sistema que se caracteriza pela de “abertura e tolerância a vários níveis.”
Isto é, não se pode afirmar ao certo se Paulo Guedes “lutará” para proteger os incentivos que mantêm o modelo econômico do Polo Industrial de Manaus (PIM), sem considerar as necessidades do empresariado industrial de outras cidades brasileiras.
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