A juíza federal Jaiza Pinto Fraxe acatou o pedido do Ministério Público Federal e transformou a prisão temporária do ex-governador José Melo em preventiva e ainda decretou a preventiva da ex-primeira-dama Edilene Gomes Oliveira. José Melo, que se encontra na carceragem da Superintendência da Polícia Federal, será transferido para o Centro de Detenção Provisória Masculino II.
Edilene, que também já está na carceragem da PF, deverá ser encaminhada ainda nesta quinta-feira (04) ao Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito e em seguida será levada para o Centro de Detenção Provisório Feminino (CDPF), localizado no quilômetro 8 da BR 174 (Manaus/Boa Vista).
O ex-governador, assim como alguns de seus ex-secretários, são acusados de receber cerca de R$ 20 milhões em propina, segundo dados da operação “Maus Caminhos”, para favorecer empresas do médico Mouhamad Moustafa, apontado como chefe do esquema criminoso.
No dia 31 de dezembro do passado, a Polícia Federal em mais uma fase da operação Maus Caminhos prendeu o ex-governador, além de quatro secretários da gestão do governador cassado. Os ex-secretários foram transferidos ontem (3) da carceragem PF para o CDPM.
Para entender
Na manhã do dia 21 de dezembro do ano passado, Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas, como o apoio da CGU – Controladoria Geral da União, deflagrou a terceira fase da Operação Maus Caminhos, denominada Operação Estado de Emergência, como objetivo investigar os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e de organização criminosa, envolvendo o ex-governador do Estado.
A investigação abrange os crimes praticados pelos membros da organização criminosa alvo da primeira fase que corromperam diversos agentes públicos do Estado do Amazonas, por meio do pagamento de propina, utilizando-se de recursos públicos desviados do Fundo Estadual de Saúde, para o fim de obter o direcionamento de contratos, acelerar a liberação de pagamentos e acobertar os ilícitos praticados.
De acordo com a Polícia Federal, os fatos relacionados ao envolvimento do ex-governador dão conta de que o mesmo recebia pagamentos periódicos dos membros da organização criminosa comandada por Mouhamed Moustafa.
Acréscimo patrimonial
Análises realizadas pela CGU indicam que houve um aumento do patrimônio do ex-governador considerado incompatível com a renda dele, tendo em vista que o salário mensal de Governador do Estado era estimado à época no valor de R$ 30 mil. Nota técnica da CGU aponta indícios de enriquecimento de José Melo, especialmente em virtude da aquisição de um imóvel de alto valor, avaliado em cerca de R$ 7 milhões, além de reformas vultuosas em sítio também de sua propriedade.
A Polícia Federal interceptou diálogo entre Mouhamad Moustafa e a advogada Priscila Marcolino, também denunciada no esquema de desvios na saúde, em que ele pedia a ela que sacasse R$ 200 mil, para que Mouhamad ficasse com R$ 500 mil em casa, pois havia recebido um pedido direto do “velhinho”, termo utilizado por ele para se referir a José Melo. Em outra ocasião, utilizando aplicativo de mensagens, Mouhamad pede novamente à Priscila que realize um saque, pois o “Gov e o irmão” estavam implorando pelo recebimento de uma quantia de R$ 80 mil.
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