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Ariaú está em fase de destruição e em pouco tempo estará só nas memórias

Dívidas avaliadas em R$ 20 milhões, além de outras de processos trabalhistas fizeram com que chegasse ao cenário de ruína que se encontra hoje

03/07/2017 às 10h30 Atualizada em 04/07/2017 às 13h44
Por: Portal Holofote Fonte: Portal A Crítica
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Em poucos meses, o cenário passou de abandono para destruição. (Foto: Aguilar Abecassis)
Em poucos meses, o cenário passou de abandono para destruição. (Foto: Aguilar Abecassis)

 

Símbolo da Amazônia no exterior e marco do turismo de selva na região, o hotel Ariaú Amazon Towers está em fase final de destruição. Dívidas avaliadas em R$ 20 milhões, incluindo uma de R$ 1,5 milhão com a Petrobras Distribuidora, além de outras de processos trabalhistas, que chegam a 138 somente nas varas de trabalho de Manaus, fizeram com que chegasse ao cenário de ruína que se encontra hoje. 

As torres que ainda estão em pé são mantidas apenas pelos pilares de sustentação. As demais estruturas foram furtadas. A propósito, os furtos acontecem diariamente. “Não tem nenhuma fiscalização e a população das próprias comunidades do entorno vem pegar a madeira que ainda tem nas torres. Isso ocorre todo dia”, contou o marceneiro Carlos Alves da Costa Júnior, 33. 

Metade das oito torres já foi destruída em função disso, ficando apenas a estrutura de concreto no lugar. O cenário é mais devastador do que o visto em fevereiro deste ano quando uma equipe de reportagem do jornal A Crítica esteve no local. Na ocasião, havia torres em bom estado de conservação. Agora, não há mais nenhuma e a impressão é de que tudo pode desmoronar a qualquer momento. 

Para quem cresceu ouvindo histórias sobre a imponência do Ariaú Amazon Towers, como a acadêmica de turismo Camila Couto de Matos, 21, vê-lo em ruína chega a ser inacreditável. “Talvez eu seja uma das últimas pessoas a olhar o Ariaú, mesmo que em ruínas, mas ele sempre será um aprendizado para o turismo na região amazônica”, afirmou a jovem que visitou o hotel pela primeira vez em abril deste ano. 

Em junho, Camila voltou ao local e se impressionou com a evolução da depredação do que um dia fora um hotel de selva luxuoso. “Em pouco tempo não haverá nem ruínas para que pessoas possam fazer alguma reflexão ou usar disto como um atrativo turístico. Será como Eldorado ou Atlântida e estará apenas nos livros e na memória de algumas poucas pessoas”, apontou a estudante. 

No auge, o Ariaú Amazon Towers recebia uma média de três mil turistas por mês e empregava diretamente 400 pessoas, além de gerar empregos indiretos que beneficiavam ao menos 300 famílias de comunidades do entorno. Entre os anos de 1995 e 2001,  o faturamento mensal do hotel Ariaú  Towers  era  de R$ 1 milhão “A maioria dos moradores dessa região tem alguém na família que trabalhou no empreendimento. O Ariaú era um dos principais ‘espelhos’ para essas pessoas”, afirmou Camila Matos.

Visita a comunidades indígenas, casas de caboclos, pescaria, passeios ao encontro das águas, ao arquipélago de Anavilhanas, passeios para interação com os botos, sobrevivência na selva, focagem de jacaré e até voos panorâmicos pela Amazônia eram algumas das atrações oferecidas aos visitantes. Os pacotes de hospedagem chegaram a custar, em média, entre US$ 500 a US$ 2 mil.

Em números

R$ 26 milhões era quanto valia o hotel, conforme laudo emitido em abril de 2015. Hoje não se sabe em quanto está avaliado, mas estima-se que não tenha grande valor devido à sua quase total decadência.

Hóspedes ilustres

O  Ariaú  recebeu personalidades de vários países, entre as quais se destacam o ator Leonardo Di Caprio, o bilionário da tecnologia Bill Gates, o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, o ex-presidente da Alemanha Roman Herzog, rei Juan Carlos e rainha Sofia da Espanha, entre outras.

Terrorismo foi inimigo indireto

Em fevereiro deste ano, Ellen Ritta Honorato, filha do proprietário do hotel Ariaú Amazon Towers, Francisco Ritta Bernardino, afirmou em entrevista ao jornal A CRÍTICA que o empreendimento tinha uma receita de US$ 1 milhão mensalmente, entre 1995 e 2001, antes do atentado contra as torres gêmeas em Nova Iorque. 

“Com a queda das torres gêmeas paramos de ganhar em dólar, o custo fixo era muito alto e passar a ganhar em real fez o hotel parar de lucrar muito, visto que 90% dos hóspedes eram americanos. Então começamos a investir no mercado brasileiro, mas o hotel é sensível, com altos custos de manutenção, e em 2014 o negócio foi caindo”, disse.

Aliando a crise às dívidas, que hoje chegam a uma média de R$ 20 milhões, o hotel fechou as portas definitivamente no início de 2016. Foi a leilão duas vezes no ano passado, por conta de uma dívida com a Petrobras Distribuidora, que soma R$ 1,5 milhão, mas não recebeu nenhum lance. 

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