A falta de água nos bairros da cidade e a falta de compromisso com a população da periferia levou os vereadores a criticarem, mais uma vez, a concessionária Manaus Ambiental, na Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta segunda-feira (29). Alguns vereadores, como Cláudio Proença (PR) cogitou até a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa.
Nem a audiência pública, realizada no último dia 25, quando a empresa fez uma explanação sobre os investimentos, convenceu os vereadores. Um dos mais revoltados com a situação, Cláudio Proença (PR) destacou que algumas ruas no bairro Armando Mendes, zona Leste, estão 90 dias sem água. “Não tem mais como ter diálogo com a Manaus Ambiental, aceitar as explicações de que algumas ruas não têm água porque ficam em partes altas e porque se aumentarem a pressão corre o risco da tubulação estourar. É um absurdo se calar diante do descompromisso com a população do bairro”, disse.
O vereador afirmou que vai colocar no bairro três advogados para atender à população do Mutirão e entrar com Ação Popular na Justiça contra a empresa por abuso e descaso. O vereador também assegurou que o PR na Casa tem quatro vereadores, que com certeza assinariam essa Comissão Parlamentar de Inquérito.
Wallace Oliveira (PTN) também reclamou que reclamou da empresa no que concerne ao enquadramento de templos religiosos quanto à cobrança e que está no aguardo de definição. Professora Jacqueline (PHS), por sua vez, assegurou que no Conjunto Castanheiras, zona Leste, a situação é crítica, porque não há pressão na tubulação para a água chegar à parte alta. “Há anos o conjunto convive com o problema, até Termo de Ajuste de Conduta já foi feito. Não tem água, mas a cobrança da tarifa está chegando à casa dos moradores”, reclamou.
Para o presidente da Casa, Wilker Barreto (PHS), a discussão, que já está sendo travada na Comissão de Água e Saneamento (Comasa), presidida pelo vereador David Reis (PV) precisa ser exaurida. Embora não descarte a CPI, se essa for à vontade dos vereadores, a Casa tem um rito regimental que precisa ser seguido antes de entrar na CPI.
A vereadora Joana D’arc Protetora dos Animais (PR) assegurou que no conjunto Jardim Petrópolis, falta água todo dia. Pediu auxílio também para a comunidade Novo Milênio, no bairro João Paulo, que além de não ter água, não tem iluminação.
Gedeão Amorim (PMDB) acredita que a falta de água em Manaus é questão da falta de investimento da empresa em equipamentos, porque Manaus está localizada entre duas grandes bacias hidrográficas.
Também favorável à CPI da Manaus Ambiental, Professor Samuel (PHS) acredita que o grande problema da empresa é a falta de manutenção das tubulações para que a água chegue à casa da população. Segundo ele, da quantidade de água bombeada, 70% é desviado. “Acho que falta uma gestão equilibrada”.
O vereador Mauro Teixeira (PTN) lembrou que a comunidade Rio Piorini continua sem água. “A empresa precisa ter mais respeito com a população. Se ela tem metas, essas metas precisam ser executadas. O bairro Terra Nova também está esquecido”, reclamou.
Para o vereador João Luiz (PRB) a empresa precisa se explicar, mas na linguagem do povo. “Com uma linguagem técnica o povo não entende a falta de água. O Rio Piorini está há três dias sem uma gota de água. Dizem que é área de invasão, mas a conta de água chega todo mês”, argumentou.
Plebiscito
Plínio Valério (PSDB) disse que está elaborando projeto para a realização de um plebiscito, através do qual a população vai dizer se quer ou não mais a Manaus Ambiental prestando o serviço à população. “Mas também acho que a história da CPI pode prosperar, não em um gesto único, mas do conjunto dos vereadores, Chegou a hora de fazermos alguma coisa. Acho que na Câmara tem clima para a CPI. Chegou a hora de agirmos em conjunto. Água diz respeito a todos nós, à população inteira. CPI é o melhor remédio”, defendeu.
Agência reguladora
Líder do Governo Municipal, o vereador Joelson Silva (PSC) destacou como disse, “a atitude firme do prefeito, que criou a Agência Reguladora do Município”. De acordo do o vereador, mais recentemente a Prefeitura de Manaus inaugurou uma adutora que vai triplicar o abastecimento de água no Conjunto Nova Cidade. “Não estou defendendo aqui a Manaus Ambiental, mas o sistema está caminhando”, afirmou.
Presidente da Comissão de Água, David Reis (PV) disse concordar com as críticas, pois quem assina contrato tem que cumpri-lo, mas não irá agir de forma açodada. “Vamos exaurir o diálogo para que na última instância seja dado o remédio mais caótico”. O vereador também ressaltou a importância da criação recente da Agência Reguladora Municipal, o que demonstra preocupação do prefeito com o sistema.
David Reis também destacou que Comissão vai agir sempre em sintonia com os vereadores, buscando novos avanços junto à concessionária para a cidade.
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