A conjuntura atual é de causar vertigem. Chegamos a ficar atordoados diante do prisma colorido da atual conjuntura nacional. Por isso é preciso cuidado ao analisar esse cenário.
O Presidente Michel Temer busca dar o tom na pauta legislativa com sua agenda positiva composta pela Reforma Previdenciária, pela Reforma Trabalhista e pela Reforma Tributária. Após eleger aliados na condução das duas Casas Legislativas, Rodrigo Maia na Câmara e Eunício Oliveira no Senado, agora busca acelera a aprovação da Reforma Previdenciária.
Contudo a divulgação da Lista de Fachin, combinada com sua baixa aprovação popular e o recrudescimento da virulenta oposição popular as reformas, principalmente a previdenciária, obriga o Planalto a flexibilizar a proposta original e aceitar a exclusão dos professores e policiais militares, além da diminuição do tempo de contribuição de 49 anos para 40 anos e a idade mínima das mulheres fixar em 60 anos.
Medidas impopulares apresentadas por um governo com 10% de aprovação pública e com 9 ministros na mira da Lava Jato, causa pânico nos parlamentares que temem serem abatidos no pleito eleitoral de 2018, principalmente àqueles que não podem perder o foro privilegiado por também estarem sendo investigados.
Nessa ciranda danosa o Brasil vai caminhando com mais de 14 milhões de desempregados e o PIB recuando 3,6% em 2016 (já havia caído 3,8% no ano anterior), segundo o IBGE. É um cenário dantesco, cuja piora ocorre com o setor agropecuário sendo atingido com uma bomba na operação Carne Fraca deflagrada contra grandes empresas frigoríficas brasileiras. Esse setor foi o mais atingido em 2016 com uma queda de 6,6% na produção.
Diante de um país paralisado economicamente e de um governo federal em transe (focou sua atuação na agenda positiva e no faz de contar de ser indiferente a ter 9 ministros sob investigação e a possibilidade real do atual Presidente ser cassado pelo TSE) e sem respostas às necessidades políticas e econômicas mais imediatas, como crescimento econômico e defesa ambiental, os setores populares esboçam reação.
A CNBB publicou nota contrária a Reforma da Previdência cujo espírito crítico define a proposta como um instrumento de rebaixamento dos direitos sociais dos mais pobres e acusa o governo de tratar a Previdência como um mero cálculo econômico.
Esses fatos levam a crer que será difícil a aprovação da reforma no Congresso, mesmo com os recuos realizados.
Uma derrota nesse momento colocará o governo em xeque. Inclusive levantando a questão se terá as condições reais para continuar administrando o país em um cenário que exige um governo forte politicamente e com um plano de ação capaz de retomar o crescimento econômico.
EVERALDO FARIAS – dirigente nacional do Partido Verde, militante das questões socioambientais e ex-parlamentar.
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