CA Portela anunciou, durante uma entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, que vai recorrer da decisão da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) de dividir o título do Carnaval com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Os representantes da agremiação alegam que o documento fere o regulamento da Liesa.
De acordo com os dirigentes da escola de samba de Madureira, a decisão da sessão plenária deveria passar por três instâncias antes da Mocidade ganhar o título. A escola de samba afirmou ainda que vai pedir a nulidade da plenária que dividiu o prêmio.
A Mocidade conquistou o título de campeã do Carnaval deste ano, na noite desta quarta-feira, após votação entre os dirigentes das escolas de samba do Grupo Especial. Foram sete votos a favor, quatro abstenções e apenas um contra, da Portela.
Na ocasião, acataram o pleito da Mocidade: Vila Isabel, Grande Rio, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e São Clemente. Não votaram Imperatriz, Beija-Flor, Unidos da Tijuca e Salgueiro. Havia torcida na porta da sede da Liga Independente das Escolas de Samba, na Praça Mauá.
Polêmica entre torcedores
A mudança no título do Carnaval de 2017 gerou polêmica entre os torcedores da Mocidade e da Portela. Portelense, o contador Flávio dos Santos, de 50 anos, afirmou que nunca havia visto uma situação parecida e acrescentou que a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) abriu um "precedente perigoso". "Já vi resultados questionáveis e mais de uma escola campeã, mas tudo dentro da apuração. Só essa nota merecia ser revista? Então teria que revisar todos os quesitos de todos os jurados", completou.
Para a estudante Georgette Tartari, de 33 anos, a decisão da Liesa pode até ter sido justa para a Mocidade, mas ressaltou que a Portela fez um desfile impecável. "Me pergunto de que forma isso pode afetar os próximos carnavais. Não sei se é válido ganhar assim. Por uma nota de desempate, mal avaliada, o título teve que ser dividido. Claro que fiquei chateada", lamentou.
O publicitário Eduardo Pascottini, de 28 anos, destacou que a divisão do campeonato não diminuirá a alegria pelo título. "Além de achar que a Portela merecer mesmo, valeu também o reconhecimento da importância da escola, que é, de fato, um dos grandes ícones da cultura carioca", reforçou.
Já os torcedores da Mocidade estão fazendo a festa. Segundo o administrador Pedro Gaspar, de 23 anos, a mudança "reparou um erro grave por parte da comissão julgadora". "A escola foi lesada por um erro que não existiu", enfatizou o jovem, que costuma frequentar os ensaios na quadra da Verde e Branca.
Mocidade de coração, a cabeleireira Fidelina Barbosa, de 23 anos, assistiu ao desfile pela Internet, já que se mudou para El Salvador em novembro do ano passado. "A escola estava linda e vem fazendo bons desfiles há pelo menos dois anos. A escola lutou e se mobilizou diante do erro para trazer para a comunidade o que merece", explicou Fidelina, que morou em Padre Miguel.
A publicitária Carina Souza, de 23 anos, reforçou que a decisão foi justa, mas disse que a Mocidade continuou sendo a maior prejudicada da história. "Não teve a oportunidade de comemorar no dia da apuração e nem de desfilar como campeã. E a escola ainda está sando como campeã ilegítima para algumas pessoas", analisou.
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