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Pai de Henry: “Jairinho não é maluco. É psicopata lúcido, assassino”

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Leniel Borel disse que vereador mandou ele ter outro filho: "Você vê que ali não tem remorso algum"

23/04/2021 às 11h54
Por: Fernanda Souza Fonte: Metrópoles
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Reprodução
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Evangélico, em casa, sozinho, sem dormir direito desde o fatídico dia 8 de março, o engenheiro Leniel Borel de Almeida Júnior, pai do menino Henry Borel Medeiros, conta que está orando muito todos os dias e que se apega a Deus para seguir em frente. “O poço não tem fundo. Tem sido dias muito difíceis. Uma notícia pior que a outra. Todos os dias sinto uma angústia diferente.”

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Leniel chama o vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), de “psicopata” e “assassino”, e não isenta Monique da obrigação de proteger Henry. O engenheiro relata, ainda, um encontro com o parlamentar, no qual pediu a Jairinho para não abraçar mais o menino, e a recusa de falar com o político no enterro da criança. Padrasto e mãe do garoto estão presos, desde o último dia 8, acusados de envolvimento na morte de Henry Borel.

É verdade que Jairinho te disse para ter outro filho, logo após a morte de Henry, no hospital?

Sim. Na antessala do hospital. Já era mais ou menos umas seis e pouco da manhã, Monique estava chorando, e eu esperando a troca de plantão da assistente social para pegar um documento, quando Jairinho virou para mim e disse: “Leniel, você resolve a partir daqui?”. Eu respondi: “Sim, eu resolvo, deixa comigo”. Aí ele falou: “Bora, Monique, vamos para casa. Vamos virar essa página. Vida que segue. Vocês fazem outro filho”.

Eu virei para um amigo que me acompanhava e perguntei: “Você ouviu o que esse cara falou?”. Meu amigo me tirou do local e me levou para tomar um café. A partir dali, nunca mais falei com Jairinho. Minha vontade era de pegar ele naquele momento, mas precisei ter muito sangue frio ali. Não sei o intuito dele de falar aquilo, mas depois vimos que ele falou a mesma coisa para alguém do hospital. (Segundo a investigação, a partir de conversas recuperadas no celular de Jairinho, o vereador pede para algum conhecido do hospital para agilizar o atestado de óbito para ‘virar a página’).

Hoje, olhando friamente, o cara achava que meu filho era um boneco. Nunca vou virar essa página! E está muito claro. Eu procurei a polícia, a imprensa, e o cara procurou o governador do Rio (Jairinho ligou para Cláudio Castro, governador do Rio em exercício, na noite da morte de Henry).

No seu depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), ao qual o Metrópoles teve acesso, você conta um episódio que o menino reclamou que o “tio abraçava muito forte”. Você chegou a falar com Jairinho sobre isso? O que ele disse?

Eu tive contato com Jairo três vezes. Nesse episódio, na segunda semana de janeiro, fiquei sabendo pela primeira vez que Monique estava morando no Majestic (prédio onde Jairinho, Monique e Henry moravam). Nesse fim de semana, estava combinado que eu iria pegar meu filho, e perguntei para Monique o local onde eles estavam. Ela me mandou o endereço e passei lá.

Logo quando meu filho entrou no carro, me falou: “Papai, o tio me machuca”. Eu falei: “Como assim, filho? Ele te machuca como?”. Ele disse que Jairo dava abraço muito forte nele. E continuou: “Minha mãe falou que é sonho”. Eu respondi: “Sonho não é, não”. Liguei no mesmo momento e questionei: “Monique, o Henry está me contando aqui que o tio machuca”. Ela falou assim: “Leniel, isso foi sonho. Isso não existe”. E falei pra ela: “Quando eu voltar para entregar ele, quero falar com esse tio aí”.

Quando levei o Henry de volta para a mãe, pedi para conversar com ele (Jairinho). A Monique interfonou, e o Jairo desceu. Eu falei: “Meu filho me contou que você dá abraço muito forte nele”. Ele respondeu que o Henry pedia abraço. E a Monique confirmou. Eu respondi na hora: “Forte ou fraco, eu não quero que você dê abraço nenhum no meu filho”. Ele foi defensivo e disse: “Não… tudo bem”.

Meu filho me contou também que ele ficava sozinho com Jairo. Falei para Monique: “Não quero que deixe ele sozinho em nenhum momento, a babá (Thayna de Oliveira Ferreira) foi contratada para isso. Se você precisar ir para sua academia, tudo bem, mas não deixa meu filho sozinho”. Os dois me responderam que isso não acontecia.

Quando caiu a ficha de que o Henry teria morrido por agressão e não por acidente doméstico?

Naquele momento no hospital, eu pedi: “Deus, me leva, mas não leva meu filho”. Ajoelhei para os médicos e implorei para eles não pararem de reanimá-lo. Os médicos deram oito injeções de adrenalina nele, acho que o normal são quatro. Eles tentaram salvar meu filho, mas nada daquilo fez meu filho voltar.

Naquela madrugada, acreditava que meu filho havia infartado. Estava me martirizando naquele hospital, pensando em um mal súbito ou uma má formação. Por volta de umas 19h, recebi o laudo preliminar da necropsia e dizia em hemorragia interna, laceração hepática, causada por ação contundente. Ali, eu vi que meu filho tinha sido agredido.

Perguntei para o policial de plantão o significado do laudo, e ele respondeu que não era causa natural, seria agressão. A analogia que ele fez foi de uma queda do quarto andar. Os dias seguintes foram muito angustiantes. Porque eu já tinha pensado que tivesse sido Monique, já tinha pensado que tinha sido o Jairo, já tinha pensado que tivesse sido os dois. Todos os dias isso me martirizando. Um dia, em casa, eu orando, só pedia a Deus a verdade. Não quero vingança. Só quero saber o que aconteceu com meu filho.

Nesse dia, a Natasha (de Oliveira Machado, cabeleireira, ex-namorada de Jairinho) me procurou e disse: “Leniel, se eu tivesse falado o que sei há oito anos, eu teria salvado seu filho”. Quando ela me contou tudo que presenciou, tudo que viveu com a filha, a minha ficha caiu que tivesse sido o Jairo. Ali, eu falei: “Cara, ele é um psicopata”. Depois vieram denúncias de outras ex-namoradas e mulheres, e vimos que se tratava mesmo de um psicopata. O cara tem prazer em agredir mulheres e crianças.

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