Parar com um veículo nos semáforos da cidade é sinônimo de perigo constante em face da existências de vários limpadores de pára-brisas que, vez por outra, causam dor de cabeça aos motoristas. Insistentes e nem sempre simpáticos, e quase sempre maltrapilhos e sujos, eles abordam os motoristas geralmente já limpando o “vidro” do veículo antes de pedir um “trocado”. Uma recusa por parte do motorista pode ser perigosa.
O problema é verificado com frequência em locais como a Bola do Eldorado (Parque Dez de Novembro) e nos cruzamentos das ruas João Valério com Constantino Nery, próximo à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-AM), no Aleixo, e Boulevard Álvaro Maia, só para citar alguns pontos.
Vítima de um limpador de pára-brisa que jogou uma pedra sobre o vidro lateral do seu carro, na última quarta-feira (2), o advogado José Alberto Barbosa Dias dos Santos, 57, faz um alerta às autoridades de segurança do Estado do Amazonas: que atuem mais severamente contra esses crimes, que são graves e podem provocar, a qualquer hora, a morte de um motorista.
“O caso é grave. Os flanelinhas são inimigos que precisam ser combatidos. Pessoas como ele estão aí para o que der e vier e não tem nada a perder. Eles vão continuar fazendo seus crimes. Achei fraca a atuação da polícia no sentido de reter um elemento como esse e depois liberá-lo e não tomar outras providências como o pagamento de uma fiança, por exemplo, ou indenização à minha pessoa. Ele só dormiu e saiu no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Foi ‘premiado’. E ele é ‘de maior’”, comentou ele.
O limpador de pára-brisa, identificado como Alex Castro de Lima, 20, foi detido no dia seguinte ao crime, prestou esclarecimentos e assinou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por lesão corporal e dano, sendo liberado para responder pelos crimes em liberdade, o que irritou a vítima. “A polícia me informou que não houve flagrante e por isso ele foi liberado. Mas e se ele tivesse dado um tiro na minha cabeça? Se eu estivesse com a minha esposa e uma criança ao lado e essa pedra as atingisse?”, questiona José Alberto.
Morador do Parque Dez de Novembro, o advogado afirmou que aguardava a abertura do sinal quando o limpador de pára-brisa apareceu e se ofereceu para limpar o vidro do carro dele. Diante da recusa, o jovem pegou uma pedra e lançou no vidro lateral do veículo, atingindo o condutor do automóvel, que além de ter o vidro estilhaçado, ficou machucado na orelha esquerda.
“Eu estava saindo da minha residência por volta de 20h30, no Parque Dez, e me dirigia à casa de uma tia no Centro e peguei a rua Perimetral, que me levou ao sinal da Bola do Eldorado. E essa turma que faz a limpeza do pára-brisas abordou a mim e a outras pessoas. O primeiro veio e me pediu para limpar o pára-brisa e eu disse que não precisava pois o meu veículo estava lavado e não sujo, e foi embora. Já o segundo cidadão, que me agrediu, me fez a mesma proposta e eu disse também que não queria. Ele se retirou, ao passo que eu fechei o vidro do carro e fiquei prestando atenção no sinal. Foi quando ele lançou a pedra de fora para dentro do carro, quebrando o vidro e me atingindo. Fiquei em estado de choque pois o barulho foi muito grande. Parecia até um tiro”, relata o advogado, que atua na área cível e trabalhista.
José Alberto teve prejuízos totais de R$ 365 para substituir o vidro quebrado e recolocar o insulfilm.
Vereador Rozenha pede fim da atividade
Diante de inúmeras ocorrências de violência na cidade de Manaus praticadas por flanelinhas, o vereador Ednailson Rozenha (PSDB) em discurso na Câmara Municipal de Manaus (CMM), nesta segunda-feira, criticou a Lei nº 094/2003, que regulamenta a atividade dos flanelinhas na capital. Para o parlamentar, as manchetes de sites e jornais impressos mostram a realidade do perigo pelo qual a população e principalmente mulheres e idosos passam em vias públicas, após se recusarem terem seus carros guardados ou limpos pela categoria.
O vereador citou o caso do motorista que foi agredido semana passada após recusar limpeza; além de outra agressão a motoristas que não aceitaram a guarda do veículo; os que invadiram cemitério e outro caso de flanelinha que esfaqueou um motorista que não aceitou limpeza em veículo.
Não são todos os flanelinhas, mas acredito que 10% não são marginais e os outros 90% são. É impressionante a falta de punição, de vistoria à essa classe e isso sempre me incomodou, mas esses últimos dias têm me incomodado bastante”, frisou o parlamentar.
O vereador também cobrou a tramitação do Projeto de Lei n° 131/2014, de sua autoria, que proíbe o serviço da categoria, em ruas, avenidas e logradouros públicos de Manaus. A proposta do vereador tramita na Casa Legislativa desde 2014.
O parlamentar relatou caso que aconteceu com ele próprio na última sexta-feira, na Praia da Ponta Negra, quando um flanelinha exigiu que pagasse antecipadamente a guarda do veículo porque queria ir para casa. Rozenha negou fazer o pagamento e contou que o guardador de carros estava visivelmente embriagado.
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