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Discurso de Bolsonaro sobre STF é visto como afronta à democracia

Senadores e especialistas amazonenses criticam discurso contra STF, mas não acreditam em articulação de golpe militar.

18/06/2020 às 15h28
Por: Jéssyca Seixas Fonte: Em Tempo
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Divulgação
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Entre possível ameaça à democracia e frases de feito de um discurso volúvel, sem controle, senadores e cientistas políticos do Amazonas avaliam os desdobramentos das tensões entre os poderes da República, após mais uma declaração do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), nesta quarta-feira (17), que classificou como "abuso" a operação da Polícia Federal (PF) contra aliados dele.

Bolsonaro chegou a comentar que "está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar", em crítica ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que está à frente da operação contra a indústria da Fake News, supostamente financiada e propagada por aliados bolsonaristas, entre eles empresários e parlamentares.

“Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca, eles estão abusando. Isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, quebrando sigilo de parlamentares, não tem história nenhuma vista em uma democracia, por mais frágil que ela seja. Está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”, declarou Bolsonaro a apoiadores, na saída do Palácio do Planalto.

O senador Eduardo Braga (MDB) avaliou que a sociedade tem assistido uma escalada inaceitável de afrontas do presidente e dos seus aliados contra a democracia e as instituições da República, como o STF e o Congresso Nacional. Para ele, não dá para confundir liberdade de manifestação com ações criminosas.

"O ataque ao STF foi crime, simples assim, intolerância e radicalismo como estes vêm produzindo há tempos, efeitos danosos no País. Inflamando da pior forma possível o convívio político e social, contaminando o debate econômico e até mesmo o enfrentamento à pandemia, que deveria unir todos os brasileiros, independente de paixão política ou ideológica”, disse Braga.

Para o senador Plinio Valério (PSDB) a declaração de “ordem” não se trata de uma ameaça. Para ele, é apenas mais uma das inúmeras frases polêmicas do presidente. “Não vejo perigo (nas falas). Não é mais tolerável golpe militar, se estivéssemos na ‘república das bananas’ tudo bem, mas estamos no Brasil. O mundo atual não aceita isso e não há clima para esse tipo de coisa. Nós senadores temos que ter equilíbrio necessário para fazer essa travessia conturbada na tempestade. Acredito que a gente vai continuar pregando a paz não acredito em mais uma frase de efeito”, finaliza.

Defesa dos poderes

O cientista político Jack Serafim observou que, se o presidente está disposto a colocar “tudo no seu devido lugar”, ele precisa agir para controlar a ação de manifestantes de extrema direita. “No instante em que se ameaçou o STF, na verdade está se ameaçando a República brasileira, que é composta pelos três poderes. Nenhum deles está acima do outro e todos tem competências diferentes. O presidente como comandante do País, deve proteger as instituições”, disse.

Sobre a quantidade de militares no governo, o especialista diz que não chega ser um grande problema constitucional, mas que gera preocupações quanto a uma suposta articulação para um golpe militar. “A preocupação é de que esses militares de alta patente se acostumem ou abracem apenas um lado do debate político, deixando de lado a responsabilidade das forças armadas. Creio que isso não ocorra por conta da nossa democracia ser muito forte, consolidada e estruturada. Precisamos estar realmente vigilantes para que nenhum excesso possa ocorrer”, disse.

Discurso volúvel

Para o especialista político Helso Ribeiro, o presidente Bolsonaro possui um jeito volúvel que passa do agressivo ao cordial no mesmo dia. “Essas declarações fazem parte do estilo do presidente. Devemos considerar que antes de ser presidente, Bolsonaro tem um passado de 28 anos como parlamentar de baixo clero. Ele nunca foi um deputado de diálogo, tolerância e consensos e ainda parece estar em período eleitoral. Parte da população acreditava que ele governaria para população e não apenas para seus eleitores”, sinaliza.

Ribeiro diz, ainda, que as forças armadas têm um papel fundamental na construção da democracia e que os três poderes militares têm consciência que são representantes do Estado e não apenas de um governo. Para, ele, se comparar o governo Bolsonaro com os cinco últimos presidentes da ditadura militar, a de se concluir que hoje, o primeiro escalão possui mais militares da ativa e reserva nos cargos do que anteriormente.

"Isso acontece por causa da limitação do próprio presidente, que não soube construir alianças ao longo de sua carreira política e tem mais conforto dentro do universo militar. O ministério público de contas também deve investigar se o presidente tem nomeado militares para cargos de responsabilidade civil, como na nomeação do general Braga Neto para a Casa Civil da república”, finaliza Ribeiro.

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