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Com cadeira de ministro vazia há 20 dias, mortes por coronavírus dobram

Indefinição do presidente Jair Bolsonaro em relação ao titular da pasta atrapalha enfrentamento à pandemia de Covid-19.

04/06/2020 às 11h21
Por: Jéssyca Seixas Fonte: Metrópoles
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Divulgação
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Desde o início da pandemia de coronavírus no Brasil, o cargo de ministro da Saúde virou um campo minado. Seja em discussões sobre o isolamento social ou o uso da cloroquina em pacientes com sintomas leves da doença, os médicos que ocuparam o cargo acabaram perdendo a queda-de-braço com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Nos últimos 20 dias, desde que o posto é ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, o número de mortes em decorrência da Covid-19 dobrou no país. No dia 16/05, um dia após Nelson Teich pedir demissão, foram contabilizados 15.633 óbitos. Segundo informações divulgadas na noite de quarta (03/06), agora já são 32.548 mortes.

“É um time sem técnico em um momento crítico. Trocar a chefia já seria difícil, ainda mais agora que se precisa de rendimento máximo. Todos os titulares foram tirados, não só o ministro. Estamos também sem secretário de vigilância em saúde desde que o Wanderson [de Oliveira] pediu demissão”, lamenta o professor Jonas Lotufo Brant de Carvalho, do departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ele, um ministro provisório deixa a cadeia de comando fragilizada em um período de grande vulnerabilidade, no qual é necessário tomar decisões rápidas em resposta à disseminação do coronavírus. Além disso, toda responsabilidade acaba sendo passada para estados e municípios. “Eles precisam assumir as rédeas do processo de enfrentamento da Covid-19 e fortalecer os sistemas de vigilância em saúde para ter informações suficientes para a tomada de decisão. Nesse momento, é difícil esperar que isso venha do nível federal, que ainda está mudando a organização de trabalho”, completa o especialista da UnB.Élcio Franco, secretário executivo substituto que assumiu o cargo no lugar de Pazuello, rebate as críticas. De acordo com ele, todas as funções do ministério desfalcadas pelas trocas estão sendo capitaneadas por substitutos. “A máquina não para de funcionar, ela continua girando. O ministro Pazuello é o substituto, e o Ministério continua funcionando e fazendo o melhor emprego possível dos técnicos. Não houve dissolução na continuidade das atividades desenvolvidas”, afirmou, em coletiva de imprensa, na terça (02/06). O secretário substituto é coronel do Exército e foi secretário de saúde de Roraima entre abril e junho de 2019.

Apesar da situação do país — que é a nação com maior crescimento de casos diários –, o presidente não parece estar com pressa em encontrar um titular para a pasta. Pazuello foi indicado como secretário-executivo do Ministério durante a gestão de Nelson Teich: o militar assumiu o posto de número 2 da Saúde sem nenhuma experiência com o assunto, sob a justificativa de que estaria no cargo para resolver a questão logística da entrega de insumos e equipamentos aos estados e municípios.

O que foi feito em 20 dias

Desde que virou ministro interino, o general não apareceu mais nas entrevistas coletivas organizadas pela pasta. A principal ação da gestão foi alterar o protocolo de uso da cloroquina, um dos motivos da demissão de Teich. As novas diretrizes foram muito criticadas pela sociedade científica.

Já as negociações com Conass e Conasems – os conselhos de secretários de saúde – sobre o documento para ajudar os estados e municípios a flexibilizar o isolamento não caminharam — mesmo sem as informações do Executivo federal, vários governadores estão afrouxando o distanciamento social aos poucos.

Os cotados para assumir

O presidente Bolsonaro recebeu, nos dias após o pedido de demissão do ex-ministro Teich, a médica Nise Yamaguchi (que já se posicionou a favor do uso da cloroquina) e o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra — médico, ele defende o fim do isolamento.

Outros nomes que apareceram como cotados foram de Claudio Lottenberg, presidente do conselho deliberativo do Hospital Albert Einstein, que disputou a indicação com Teich; Ítalo Marsili, também médico, que é aluno de Olavo de Carvalho; Paolo Zanotto, professor da USP à frente de um estudo a favor da cloroquina; Luiz Claudio Fróes, diretor do Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro; e Lincoln Lopes Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).

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