Uma foto do beijo entre Micheli Schlosser, de 25 anos, e Lisandro Rafael Posselt, de 28, circulou nos meios de comunicação de todo o Rio Grande do Sul nessa terça-feira, 28. O motivo? O beijo foi dado em meio ao julgamento de uma tentativa de feminicídio. Micheli, a vítima; Posselt, o réu. Durante o julgamento, em Venâncio Aires, a jovem pediu autorização ao juiz para abraçar e beijar o réu, que disparou cinco tiros contra ela em agosto do ano passado.
O crime ocorreu no Centro de Venâncio Aires, na época em que os dois mantinham um relacionamento. A mulher declarou ainda, em plenário, que tudo ocorreu após ela o ter “provocado”. “Ele nunca tinha me agredido, sempre foi muito bom para mim e já pagou pelo erro dele”, disse aos jurados.
O júri terminou às 16 horas, com a condenação de Posselt a sete anos em regime semiaberto – cinco pela tentativa de feminicídio e dois por porte ilegal de arma. O réu, que fará uso de tornozeleira eletrônica devido à falta de vagas para presos do regime semiaberto em Venâncio Aires, terá o direito de recorrer da sentença em liberdade e não teve que retornar à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) – ele estava preso desde agosto de 2019, alguns dias após o crime.
A sessão foi presidida pelo juiz João Francisco Goulart Borges. Atuaram na defesa os advogados Ianaê Simonelli e Antônio Elpídio Fagundes, de Venâncio Aires, e Jean de Menezes Severo e Felipe Terres, ambos de Porto Alegre. A acusação esteve a cargo do promotor Pedro Rui da Fontoura Porto.
O advogado Antônio Elpídio Fagundes disse que a defesa está satisfeita com a decisão. Ele ressaltou que os jurados acolheram o privilégio da violenta emoção, dispositivo que reduziu a pena. “O resultado foi muito bom, só recorreremos caso o Ministério Público também recorra.”
“Nunca vi algo assim antes”, afirma o promotor do caso
O promotor Pedro Rui da Fontoura Porto comentou, após o júri, que em alguns casos de violência doméstica é normal a vítima se colocar a favor do agressor. Porém, nunca tinha visto tal situação em um caso de tentativa de feminicídio. “Se fosse um caso de agressões mais leves, se ele (o réu) não tivesse atirado cinco vezes, muito menos acertado, eu até tentaria interpretar de uma outra forma”, disse.
Segundo ele, o que chama atenção é a gravidade do caso. “O fato de ela chegar não só em plenária, mas também na audiência de instrução que ocorreu antes, e dizer que quer se casar com ele, que quer viver o resto de sua vida com um homem que tentou matá-la, surpreendeu a todos. Quando o juiz anunciou a sentença em regime semiaberto, ela aplaudiu. Nunca vi isto antes”, afirmou.
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