De janeiro a março deste ano, 78 pacientes renais crônicos morreram somente no Hospital 28 de Agosto, localizado na avenida Recife, Zona Centro-Sul de Manaus. As estatísticas podem ser ainda mais alarmantes, levando-se em conta os óbitos ocorridos em outros hospitais. A denúncia da chamada “fila da morte” partiu da deputada estadual Alessandra Campêlo (PMDB), que abordou o gravíssimo problema de saúde pública durante Cessão de Tempo à Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Amazonas (Arcam) nesta quarta-feira (20) na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
De acordo Thiago Coelho, representante da entidade que reúne aproximadamente 1.600 associados no Estado, os problemas enfrentados pelos renais crônicos são a suspensão dos transplantes, a falta de consultas pós-transplantes e a ameaça de o Hospital Santa Júlia de fechar a clínica de hemodiálise. Além disso, faltam medicamentos (azatioprina, everolimus e timoglobulina) e os hospitais e prontos-socorros implantaram uma espécie de “fila da morte” – o paciente conta com a sorte para ser atendido e, quando não ganha nessa “loteria da vida” acaba indo a óbito.
Ocupando a tribuna da Assembleia, Thiago chocou os presentes ao afirmar que mais de 400 pacientes correm risco de morrer caso o Governo não resolva a pendência de forma imediata.
“O tratamento de transplante que é o que resolveria em parte a situação dos pacientes renais crônicos que estão com seus rins paralisados foi suspenso pelo hospital Santa Júlia. Eles alegam que o Governo do Estado está com uma dívida atualmente num montante de R$ 8 milhões. Com isso, eles suspenderam o transplante renal, depois eles suspenderam o pós-transplante e agora, por fim, o hospital Santa Júlia está ameaçando fechar a clínica de hemodiálise. Significa que 400 pacientes poderão ter suas vidas sacrificadas por um simples ato de falta de conversa e de pagamento, ou seja, o Governo do Estado está dando um calote nessas clínicas e prejudicando a vida dos pacientes renais”, denunciou Thiago.
É caso de polícia, diz Alessandra
Autora da cessão de tempo, a deputada Alessandra enfatizou que o caso já está tendo acompanhamento do Ministério Público Estadual. A deputada disse também que vai ingressar com uma representação no Ministério Público Federal e acionar a Polícia Federal, pois a saúde estadual recebe recursos da União.
“É uma denúncia muito grave porque você deixa de atender um paciente renal crônico por cerca de R$ 180 e a mesma clínica atende na urgência por R$ 900. Isso é um superfaturamento no atendimento e um ato até de improbidade administrativa. Este ano foram quase 80 mortes em três meses, um número absurdo e nunca visto antes. O governador e o secretário de Saúde têm a obrigação de tomar providências, caso contrário vamos procurar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal porque esse é um caso de polícia”, comentou Alessandra.
Mín. ° Máx. °