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Ameaçada, família de indígenas assassinados em Coari teme mais mortes

Os crimes aconteceram entre os dias 7 e 8 deste mês. Uma das vítimas morreu com um tiro no abdômen.

14/01/2020 às 13h20
Por: Jéssyca Seixas Fonte: Em Tempo
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Divulgação
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Familiares dos indígenas Francisco Cardoso da Cruz, de 64 anos; Joabe Marins da Cruz, de 33 anos e Marcos Marinho da Cruz, da comunidade indígena Cajuhiri, no município de Coari (distante 363 quilômetros de Manaus), relataram a reportagem , na segunda-feira (13), temerem mais mortes na família após receberem novas ameaças dos suspeitos de assassinar as vítimas.

 Joabe foi morto na última terça-feira (7), já o pai, Francisco, e o irmão, Marcos, desapareceram no rio Solimões no dia seguinte após um novo atentado contra a família indígena.

Conforme Miriam Miranha, de 38 anos, que é filha de Francisco e irmã de Joabe e Marcos, toda a família teve que sair da comunidade Cajuhiri, única demarcada e homologada em Coari pela Fundação Nacional do Índio (Funai), por temerem mais mortes.

Segundo a mulher, dentre os cinco presos envolvidos nos crimes: Alex de Oliveira da Silva, 19, Erivan Santos de Oliveira, 24; Leandro Oliveira da Silva, Marlison Carvalho Bandeira, 37 e Mateus Oliveira da Silva, dois foram soltos e ameaçaram a mãe dela de morte, uma cacique de 58 anos de idade. Os familiares desconfiam que os criminosos tenham retirado os corpos de Francisco e Marcos do Rio Solimões e enterrado.

 “A situação não está fácil. As autoridades estão nos tratando com descaso e os mandantes desses crimes estão soltos. A Funai era para estar presente com um procurador nos orientando e dando suporte necessário. Estamos refugiados e a polícia disse que esses criminosos são envolvidos com a pirataria. Até agora ninguém nos deu respostas sobre os corpos. Eu perdi meu pai, o meu herói, e também perdi dois irmãos. Nos ajudem pelo amor de Deus”, pediu a indígena.

Miranha explicou que ao que tudo indica as mortes são resultado de um conflito de terras. “Acreditamos que eles estão de olho nas terras da nossa comunidade. Temos muitas riquezas, muitos castanhais e hectares. O que mais queremos é reforços da Funai, pois como se trata de uma comunidade indígena, a Polícia Civil precisa do aval deles para intervir em determinados pontos. Não paramos um dia sequer em busca de respostas. Ninguém dorme e vamos mover céus e terras por Justiça. Queremos pelo menos encontrar os corpos e não vamos nos calar”, disse.

A indígena contou que os sobreviventes do segundo atentado se reuniram com os representantes da Defesa Civil de Coari e que a Funai já foi acionada por ligação, mas, até o momento, não havia dado uma resposta.  Miranha disse que um dos sobreviventes relatou ter ouvido um tiro. O disparo, segundo ele, teria dado por um dos criminosos contra Marcos no momento em que ele estava chegando à margem do rio, após ser obrigado a pular de uma lancha.

Posicionamento 

Questionada pelo Portal EM TEMPO sobre as providências que estão sendo adotadas para o caso, a Funai esclareceu por meio de nota que ao que se sabe trata-se de um conflito interno da comunidade.

O órgão ressaltou, ainda, que já está providenciando o deslocamento de servidores da Coordenação Regional de Manaus, bem como de representante da Procuradoria Federal Especializada, à comunidade a fim de auxiliar na mediação da situação, juntamente com as autoridades competentes.

Relembre o Caso

Segundo a polícia, tudo começou na tarde de terça-feira (7), quando três homens estavam andando em um terreno de castanhal pertencente ao professor indígena Joabe Marins da Cruz, de 33 anos, portando uma espingarda.

O professor teria pedido para que os homens fossem embora e, como eles não obedeceram, tiveram a espingarda tomada por Joabe e pelos familiares dele. Logo em seguida, os invasores deixaram a propriedade.

Naquele mesmo dia, por volta das 21h, surgiu novamente no terreno de Joabe uma pessoa que, para se vingar do professor e dos familiares - pelo fato de terem ficado com a espingarda - efetuou um tiro usando outra espingarda contra o indígena, que foi atingido no abdômen e morreu a caminho do hospital em Coari. 

No dia seguinte, policiais foram acionados pelos familiares de Joabe, que relataram terem sido vítimas de um ataque dos mesmos criminosos no momento em que se aproximaram dos envolvidos para pedirem esclarecimentos sobre a morte do professor.  

Os familiares contaram à polícia que, ao se aproximarem de uma canoa com motor rabeta, onde os suspeitos estavam, foram intimidados com espingarda e, em seguida, os homens conseguiram invadir a lancha - onde a família estava - rendendo todos e os obrigando a pularem no rio, ocasião em que Francisco e Marcos desapareceram. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

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