Um desentendimento entre moradores da comunidade indígena Cajuhiri, no município de Coari (distante 363 quilômetros em linha reta de Manaus), resultou em uma morte e em dois desaparecidos esta semana.
Segundo a polícia, tudo começou na tarde terça-feira (7), quando três homens estavam andando em um terreno de castanhal pertencente ao professor indígena Joabe Marins da Cruz, de 33 anos, portando uma espingarda.
O professor teria pedido para que os homens fossem embora e como eles não obedeceram, tiveram a espingarda tomada por Joabe e pelos familiares dele. Logo em seguida, os invasores deixaram a propriedade.
Já naquele mesmo dia, por volta das 21h, surgiu novamente no terreno de Joabe uma pessoa que, para se vingar do professor e dos familiares - pelo fato de terem ficado com a espingarda - efetuou um tiro usando outra espingarda contra o indígena, que foi atingido no abdômen e morreu a caminho do hospital em Coari.
Vingança
A Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) informou que, na manhã de quarta-feira (9), recebeu informações de que familiares do professor teriam localizado os criminosos no meio do rio Solimões e teriam ido até eles para vingar a morte de Joabe.
Os policiais foram acionados, posteriormente, para irem até um barco de recreio, onde estavam familiares de Joabe, que relataram terem sido vítimas de um ataque no momento em que se aproximaram dos envolvidos na morte do professor.
Os familiares contaram à polícia que, ao se aproximarem de uma canoa com motor rabeta, onde os suspeitos estavam, foram intimidados com espingarda e, em seguida, os homens conseguiram invadir a lancha - onde a família estava - rendendo todos e os obrigando a pularem no rio.
Desaparecimento
A polícia informou ainda, que, durante a confusão, os envolvidos relataram que um dos familiares de Joabe teria levado um tiro na perna e caído no rio e o pai dele também não teria conseguido nadar até a margem e desapareceu nas águas. Logo após obrigar todos os ocupantes a pularem no rio, os suspeitos fugiram de lancha.
Ação Policial
Na área do ocorrido, durante as buscas, nenhum corpo foi encontrado. Os policiais militares foram até a comunidade do Aranaí, onde os criminosos poderiam estar escondidos, e conseguiram prender três pessoas por envolvimento na morte de Joabe e no ataque contra os familiares.
A polícia recuperou a lancha e a apreendeu a espingarda usada no homicídio. Em outra casa nas proximidades, foram apreendidas mais três espingardas que teriam sido emprestadas aos criminosos. Na ocasião, mais duas pessoas foram detidas no local.
Outra Versão
O suspeito de atirar contra Joabe, que não teve o nome divulgado pela polícia, foi preso e contou, em depoimento, que é casado com uma indígena moradora da comunidade Cajuhiri.
Segundo o homem, os desentendimentos entre as famílias eram constantes. Ele diz que, após terem a espingarda roubada, foram até o local recuperá-la, mas foram recebidos por Joabe armado na janela da casa e por isso ele atirou.
Sobre o ataque, o acusado contou que estava em uma canoa com motor rabeta com a esposa, duas crianças, o pai e outro amigo, quando, os parentes de Joabe teriam tentado alagar a canoa. Por isso, eles invadiram a lancha, travaram luta corporal e fizeram os familiares pularem na água.
Procedimentos
Os cinco detidos foram conduzidos à Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Coari, onde foram adotados os procedimentos cabíveis. Até a publicação desta matéria, nenhum dos dois corpos haviam sido localizados.
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