Com previsão de término para a próxima sexta-feira, recomeça hoje o julgamento do delegado Gustavo Sotero pelo Tribunal do Júri, no Fórum Henoch Reis. O réu é acusado de matar a tiros o advogado Wilson Justo Filho após um desentendimento dentro de uma casa noturna, na Zona Oeste da cidade, no dia 25 de novembro de 2017. Ele também vai ser julgado por tentativa de homicídio contra Fabíola Rodrigues Pinto de Oliveira (esposa de Wilson), Maurício Carvalho Rocha e Yuri José Paiva Dácio de Souza. Os três foram baleados durante a confusão.
Ontem, entrevista coletiva convocada pela banca de defesa de Sotero, os defensores do delegado centraram acusações contra o presidente da seccional do Amazonas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM), Marco Aurélio Choy, e apresentaram imagens que, segundo eles, não tinham sido divulgadas à imprensa até então.
As imagens, assim como o discurso apresentando pela defesa, serão usadas como argumentos para convencer o júri popular de que o delegado agiu em legítima defesa. “Nós vamos ouvir as testemunhas indicadas pela acusação, nós vamos ouvir as testemunhas indicadas pela defesa. Teremos um grande encontro e debate desses peritos. Vamos mostrar essas imagens, que são claras. Vamos debater as causas, estudar esse caso, para que os jurados ao final desses três dias tenham condição suficiente de decidir”, afirmou o advogado Cláudio Dalledone Junior.
Dalledone, que comanda a equipe de defesa de Sotero, disse que houve uma “orquestração” por parte da presidência da OAB-AM desde o início do caso e que, pela forma como a acusação está sendo feita, há um interesse a mais em se acusar o delegado. “Eu estou demonstrando, afirmando e comprovando que há, sem sombra de dúvidas, uma orquestração que foge do devido processo legal em condenar Gustavo Sotero. Foi um inquérito rápido. Existiu e existe uma grande orquestração, até no dia do julgamento, liderada pelo presidente da OAB e por sua tropa de elite”, disparou.
Além das imagens, os advogados de defesa afirmaram e apresentaram documentos, nos quais, segundo eles, existem falhas por parte de todas as frentes envolvidas na investigação, da perícia à denúncia encaminhada à Justiça. Em função disso, informaram que vão solicitar mais uma vez a reconstituição dos fatos.
“A primeira diligência que requeremos, quando entramos no caso, foi a reconstituição dos fatos e o juiz negou. Agora, por ocasião do júri, pedimos novamente e o juiz negou alegando que já existiam imagens. No entanto, existe uma possibilidade dentro do julgamento que se requeira a conversão do julgamento em diligência para que seja realizada a reconstituição. Isso fica a cargo dos jurados, eles é que vão julgar e nós faremos esse requerimento também, pedindo uma reprodução simulada desses fatos, colocado todos os atores desse evento. [Isso] irá dar uma dinâmica muito maior”, defendeu.
Sobre as acusações feitas pela defesa do delegado Sotero à OAB-AM, que atua como assistente de acusação, Marco Aurélio Choy disse por meio de nota que respeita as estratégias da advocacia de defesa e entendem as falas como parte dessa estratégia. Disse ainda que esperam que justiça seja feita pelo júri e por isso não podem admitir a mudança do foco do julgamento.
Jurados serão sorteados no início da sessão de hoje
Nos três dias previstos para o júri, a sessão de julgamento será presidida pelo juiz Celso Souza de Paula, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus, com a participação do promotor de Justiça George Pestana, representando o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).
Na sessão do Tribunal do Júri, 14 testemunhas, de defesa e de acusação, serão ouvidas, além de três vítimas. Para o júri, também foram convocados dois peritos. Hoje, a abertura do júri será realizada às 9h, com o sorteio dos jurados e na sequência a oitiva das vítimas, das testemunhas de acusação e das que forem em comum com as de defesa.
Já na quinta, 28, também a partir das 9h, serão realizadas as oitivas das testemunhas de defesa, dos assistentes técnicos da acusação e da defesa. Já na sexta, último dia do julgamento, serão realizados o interrogatório do acusado, os debates, a quesitação e prolatação da sentença.
Por determinação da diretoria do fórum, a sessão de julgamento popular terá um esquema especial de organização, observando a capacidade de público do plenário objetivando assegurar a normalidade da rotina de atendimento para os demais setores do fórum.
Júri foi adiado após erro
Inicialmente, o julgamento do delegado da Polícia Civil do Amazonas Gustavo Sotero iria acontecer no dia 29 do mês passado, mas foi adiado devido a um erro na seleção de nomes dos jurados que iriam compor a banca do júri popular.
O julgamento chegou a ser iniciado com mais de uma hora de atraso, mas foi remarcado para hoje com previsão de termino somente na sexta-feira (29). A perspectiva, dada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), é que o júri seja concluído em três dias. Mas, caso o mesmo se estenda para os demais dias, a sessão de julgamento será interrompida sempre às 20h30, recomeçando no dia seguinte às 9h.
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