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Projeto ‘Ponte Segura’ surge como solução para suicídios no cartão postal

Grupo de psiquiatras sugere a elevação do gradil da Ponte Rio Negro para restringir o acesso de pessoas com intenção de suicídio

16/10/2019 às 09h39
Por: Fernanda Souza Fonte: Acrítica
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Reprodução
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Além de cartão postal de Manaus, a Ponte Jornalista Phelippe Daou (mais conhecida como Ponte Rio Negro) carrega outra marca nada agradável: é um dos um dos principais locais de suicídios na região metropolitana da capital amazonense. A fim de interromper esse ciclo, um grupo de psiquiatras se reuniu semana passada e criou o projeto “Ponte Segura”, tendo como principal reivindicação a elevação do gradil da ponte para impedir o acesso de pessoas com ideação suicida.

Coordenado pela especialista em suicidologia Alessandra Pereira, o projeto Ponte Segura é composto pelas psiquiatras Ana Paula Amanajás e Silvana Nascimento, e o representante da Associação Médica Brasileira - Regional Amazonas (AMB), Emanuel Jorge Akel. O grupo estará hoje, às 9h, na plenária da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) para chamar a atenção para o aumento do gradil da Ponte Jornalista Phelippe Daou. A Cessão de Tempo foi solicitada pelo deputado Álvaro Campelo (PP) após se reunir com o grupo na última segunda-feira.

“O projeto Ponte Segura foi iniciado em uma conversa entre colegas psiquiatras sobre os meios efetivos de prevenção ao suicídio. E um dos meios eficazes é a restrição ao acesso aos meios letais. Em Manaus, a Ponte Rio Negro tem sido muito utilizada pelas pessoas em desesperança na tentativa de tirar a própria vida, pois a grade é baixa e facilmente transposta. Várias ações têm sido empreendidas para evitar isso, mas nada será tão eficaz quanto à elevação do gradil lateral, que dificultará sobremaneira a precipitação daquela altura”, explicou a médica psiquiatra Alessandra Pereira.

Órgãos governamentais evitam divulgar o número exato de mortes no local para não estimular que mais pessoas a busquem a ponte com a intenção de tirar a própria vida, conforme destacou reportagem de A CRÍTICA publicada em agosto. Porém, no geral, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), de 2016 a 2018 ocorreram 628 mortes desse tipo no Amazonas. De acordo Pereira, só esse ano já foram registrados 66 casos de suicídio em Manaus, o equivalente a uma ocorrência a cada quatro dias.

A projeção informal dos especialista é de que, semanalmente só na Ponte Rio Negro, haja pelo menos seis tentativas desse tipo de prática.

“Esses são apenas casos registrados. Há uma estimativa de que para cada caso haja pelo menos outro não notificado como suicídio, e para cada caso desses há provavelmente de 15 a 20 tentativas de suicídio. Elevar o gradil é transformar a ponte em um local seguro para população que está doente e sem acesso adequado ao tratamento. Fazer campanhas é importante, mas ações concretas são mais importantes ainda”, destacou.

Outra reivindicação do projeto Ponte Segura é a expansão do tratamento adequado aos transtornos mentais na rede pública de saúde por meio da oferta de mais médicos psiquiatras habilitados para assistência mental de qualidade.

Proposta ao governo

No início de setembro, a implantação de grades na ponte foi sugerida ao Governo do Amazonas pelo deputado João Luiz (Republicanos), conforme registrou reportagem do jornal A CRÍTICA. “Hoje, os índices relacionados ao suicídio são alarmantes e nossa meta é combater esse ato e proteger a vida das pessoas. Para isso, estamos fazendo uma indicação ao governador Wilson Lima para a instalação de grades de proteção na ponte e tenho certeza que, muito sensível à causa, ele deverá acatar a nossa indicação”, afirmou o parlamentar à época.

“É uma situação grave que precisa da nossa intervenção. Temos de mostrar a essas pessoas que não estão sozinhas e que podem contar com o nosso apoio”, acrescentou.

Alguns dos fatores de risco

Alguns dos principais fatores de risco para o suicídio são: transtorno psiquiátrico sem tratamento adequado; história familiar; desesperança; impulsividade; ser do sexo masculino; ser alvo de discriminação ou rejeição dentro da própria família (muito comum entre jovens gays, lésbicas, bissexuais ou transsexuais); estar desempregado; estar enfrentando alguma doença física de árduo tratamento, e traumas na infância, principalmente abuso ou negligência.

Ligação gratuita

O Centro de Valorização da Vida (que atende nacionalmente pelo número 188), principal serviço de apoio psicológico do Brasil, enfatiza que a escuta empática e o acolhimento sem julgamento se mostram como uma das estratégias mais eficazes de prevenção.

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