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Venezuelanos ‘resistentes’ acusam militares de atearem fogo em barracos

Militares afirmaram que foram os próprios venezuelanos que realizaram a ação. Imigrantes dizem terem sido alvos de ‘remoção forçada’

03/09/2019 às 14h54
Por: Fernanda Souza Fonte: Acrítica
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Reprodução
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Os últimos barracos construídos por venezuelanos nas imediações da Rodoviária de Manaus, na Zona Centro-Oeste de Manaus, foram removidos na manhã desta terça-feira (3) por soldados do Exército Brasileiro, em uma nova etapa da operação Acolhida. A ação foi criticada pelos imigrantes que acusaram os soldados de atearem fogo em roupas e materiais utilizados na confecção dos abrigos improvisados para forçar a saída do grupo.

“Dois soldados vieram de manhã aqui e colocaram fogo nas roupas. Diziam pra sairmos daqui”, conta Alejandra Martí, 34, que com dois filhos pequenos integrava o  grupo de aproximadamente 30 venezuelanos que resistiram às remoções oferecidas por órgãos do Governo do Estado, com o apoio operacional do Exército, na última quinta-feira (28).

“A ação começou com eles [os venezuelanos] mesmos. Foi uma retaliação ao nosso trabalho”, conta um dos oficiais do Exército que pediu para não ser identificado. Questionado sobre o princípio de incêndio que atingiu parte dos barracos, outro oficial do Exército afirmou que “não viu”, e preferiu não comentar.

Para a refugiada Francesca Rodriguez, os militares se utilizaram mecanismos desumanos para conseguir a saída do grupo. “Eles agem com muita força, às vezes. É uma falta de direitos humanos. Não somos ladrões”, conta a venezuelana, que afirma ter presenciado os soldados ateando fogo em materiais para dispersá-los do local nesta manhã. Ela também foi uma das imigrantes que abandonou os abrigos para voltar a morar nos barracos da Rodoviária. “Eu saio daqui hoje, mas vou voltar, com certeza, porque aqui as pessoas me ajudam”, conta.

Com o tumulto, a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) foi acionada e enviou mais de cinco viaturas para o local. Os policiais consultados pela reportagem informaram não saber o teor do chamado, mas que estavam na área para darem suporte, após o “princípio de tumulto”, aos militares e servidores do governo que atuavam na remoção dos venezuelanos. 

Albergue improvisado

O coronel do Exército Marriton Dias, comandante da Base de Manaus da Operação Acolhida, alertou que neste período o espaço ocupado por venezuelanos, vai funcionar como um local de pernoite, com a construção que está em fase avançada de construção.

“Ao virem para cá, eles recebem uma barraca-iglu ou uma barraca-família, dependendo da composição do grupo. A partir das 17h, a gente começa a entregar esse material e eles têm esse local, destinado ao pernoite. A partir das 5h, eles devem entregar esse material e partir para seu local de trabalho”, explicou.

Trabalhadores que frequentam a Rodoviária de Manaus relatam que a rotina do local, desde que houve a chegada dos imigrantes é “tensa”. “Eu trabalho aqui há 25 anos, nunca vi algo parecido”, conta Solange Alencar, que possuiu um pequeno restaurante próximo à área de guichês, logo na entrada de passageiros da Rodoviária. “Todo dia tem uma confusão”, conta.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Exército Brasileiro, responsável por atuar na Operação Acolhida, e assim que receber uma nota oficial sobre o evento, será acrescentada nesta matéria.

Fora da Arena

Na fase anterior da operação Acolhida, cerca de 50 venezuelanos foram transferidos para a Arena Amadeu Teixeira, Zona Centro-Oeste da capital, no entanto, o abrigo era provisório e deixou de atendê-los na sexta-feira (30). Atualmente, Manaus oferece quatro principais centros de cuidados aos imigrantes, alcançando mais de 2 mil pessoas.

“Nosso trabalho aqui é dar prioridade para mulheres grávidas, crianças, e na próxima semana iremos montar, em parceria com o Exército, um stand com os principais serviços oferecidos pelo Governo do Amazonas”, afirma Fernanda Monteiro, secretária executiva adjunta da Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas).

Entre as ações que serão desenvolvidas pela Seas, está o oferecimento de oportunidades de empregos, a partir de um posto móvel da Secretaria Estadual do Trabalho (Setrab). Outra medida adotada pelo órgão será a reorganização de abrigos na cidade. “Estamos buscando colocar barracas no abrigo do [bairro] Coroado para atender mais pessoas”.

O abrigo em funcionamento ao lado do Terminal Rodoviário está sob administração de órgãos federais, estaduais e municipais, que em conjunto constroem ações para encaminhar os cerca de 350 venezuelanos que circulam diariamente no local, para abrigos permanentes.

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