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Novo Ensino Médio entra em vigor em 2020 focando nos interesses individuais dos alunos

O estudante terá 1.200 horas à disposição para escolher disciplinas que interessem a ele. As outras 1.800 horas serão dedicadas às disciplinas regulares (aquelas de sempre)

02/09/2019 às 09h54
Por: Fernanda Souza Fonte: Acrítica
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A partir de janeiro do ano que vem, as escolas públicas e privadas do Amazonas implantarão o novo modelo de Ensino Médio. A carga horária a partir de agora será de três mil horas; desse total o aluno terá 1.200 horas à disposição para escolher disciplinas optativas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e formação técnica e profissional.

A oferta de alternativas de estudo adequadas aos diferentes interesses pessoais e condições sociais dos alunos é uma das grandes novidades desse novo formato aprovado em 2017 por meio de medida provisória.

Com a reforma, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio estabelecerá as aprendizagens essenciais, mas não os currículos, que estão sendo definidos pelos Estados, que terão a liberdade de decidir se adotarão um modelo de ensino separado por disciplinas ou estruturado de modo interdisciplinar.

Ao longo desse ano, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM) tem promovido uma série de oficinas para preparar os professores para o novo formato. A carga horária de um ano letivo do Ensino Médio aumentará de 2.400 horas para três mil, sendo 1.800 horas dedicadas às disciplinas regulares (aquelas de sempre) e 1.200 horas dedicadas exclusivamente às disciplinas optativas. Português e Matemática serão as únicas disciplinas obrigatórias em todos os três anos do ciclo. Outras matérias, como Artes, Filosofia e Sociologia não necessariamente estarão presentes ao longo dos três anos.

Mas calma, o aluno não sairá eliminando disciplinas essenciais ao seu bel prazer. Dentro das horas dedicadas às matérias escolhidas a partir de suas preferências pessoais e intenções de carreira, o aluno poderá ter acesso a abordagens mais amplas sobre um mesmo assunto. Por exemplo, se um estudante optar por um curso técnico em robótica, poderá estudar o assunto pelo viés científico ou ainda ter acesso a formas de empreender a partir daqueles aprendizados. 

A aplicação dessa flexibilização curricular nas unidades de ensino, como vem sendo estudada pela Seduc, se desenvolverá de forma democrática numa espécie de assembleia com alunos e professores a ser realizada no começo de cada ano letivo. Como resume o diretor do Departamento de Políticas e Programas Educacionais da Seduc-AM, Nilton Teixeira, as escolas mesclarão aprendizagem e cidadania de uma forma mais acentuada de agora em diante.

“Uma questão importante nesse novo Ensino Médio será o protagonismo juvenil. Os alunos serão ouvidos e as escolas terão autonomia para criar os próprios itinerários. O papel da secretaria será orientar a organização pedagógica”, explicou, destacando que o documento aprovado em 2017 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) prevê futuras revisões e aperfeiçoamentos.

O novo formato privilegiará a interdisciplinaridade. Assim sendo, as disciplinas optativas dos chamados “itinerários formativos” deverão ser voltadas ao empreendedorismo, à investigação científica e à mediação e intervenção sociocultural – levando em consideração a infraestrutura da escola.

Não haverá sobrecarga

A implantação do novo Ensino Médio se encontra em fase de estudo dos impactos desta implementação. A Seduc-AM assegura que esse novo formato não sobrecarregará o professor, pois ele continuará cumprindo jornada conforme seu regime de contratação. Também explica que a construção das disciplinas optativas levará em consideração as habilidades e competências dos professores. A secretaria está realizando estudo de viabilidade orçamentária para a possível implementação do pagamento de bônus ao professor autor dessas disciplinas optativas.

Sinepe diz que escolas privadas já experimentam modelo

De acordo com a professora Vera Lúcia Serqueira, vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM), as escolas privadas já vem experimentando o novo modelo de Ensino Médio desde 2018, já que as cargas horárias na rede privada sempre foram um pouco maior. O que acontecerá a partir do próximo ano letivo, segundo ela, será a “intensificação desse novo formato”.

“Através de projetos, os professores trazem o conteúdo das suas aulas à realidade dos alunos. A ideia é transpor a sala de aula, explorar os laboratórios, o auditório, enfim, toda a infraestrutura da escola. O Sinepe-AM tem promovido uma série de oficinas para preparar os professores da rede privada para podermos intensificar esse novo modelo de Ensino Médio ano que vem”, disse.

Serqueira ressaltou também que esse novo formato possibilita que as escolas priorizem as disciplinas básicas no primeiro ano e trabalhem mais os itinerários formativos a partir do segundo ano. “Existe essa flexibilidade de currículo, mas, para isso, será preciso mais tempo de aula, como a realização de atividades no contraturno pelo menos duas ou três vezes por semana. A definição ficará a cargo dos coordenadores e professores das escolas. Agora, claro, além da formação continuada dos profissionais será preciso os recursos (a estrutura física e a pedagógica)”, observou.

Pontos

1 - Além das aprendizagens comuns e obrigatórias, os estudantes poderão escolher se aprofundar naquilo que mais se relaciona com seus interesses e talentos. São os chamados itinerários formativos.

2 – Com a implantação do novo Ensino Médio, o governo federal investirá até R$ 1,5 bilhão para atender cerca de 500 mil novas matrículas em escolas de tempo integral.

3 – O novo Ensino Médio torna obrigatório que o projeto de vida dos estudantes seja trabalhado em todas as escolas. Ou seja, o aluno desenvolverá habilidades como ser cooperativo, saber defender suas ideias, entender as tecnologias, compreender, respeitar e analisar o mundo ao seu redor.

4 - A BNCC está organizada por áreas do conhecimento e não disciplinas. O aluno continuará aprendendo conhecimentos de todas as disciplinas, contudo, a organização por áreas estimulará novos formatos de aula, menos expositivas, como projetos, oficinas e atividades com maior participação dos estudantes e que conectam conhecimentos e professores de diferentes áreas.

Parintins e Novo Airão já usam o modelo

Uma das oficinas preparatórias promovidas pela Seduc foi realizada no mês passado na Escola Estadual Senador Petrônio Portella, Zona Centro-Oeste de Manaus. Intitulada “O Novo Ensino Médio: Flexibilização Curricular e as Novas Formas de Aprender”, o evento reuniu cerca de 76 educadores do Amazonas (40 deles do interior), entre gestores, pedagogos e professores.

Entre os participantes estavam professores de Parintins (distante 534 quilômetros de Manaus) e Novo Airão (a 195 quilômetros da capital), dois municípios onde, desde o ano passado, esse formato de Ensino Médio já vem sendo implantado pela Seduc-AM em forma de projeto-piloto em duas escolas de tempo integral. Uma dessas unidades de ensino é a Escola Estadual de Tempo Integral Danilo de Mattos Areosa, em Novo Airão, que oferece 21 disciplinas optativas além das regulares, que abarcam matérias como empreendedorismo, espanhol, metodologia do trabalho científico, libras, direito e cidadania, prática do desporto, entre outros.

A experiência tem sido enriquecedora e cada vez mais esclarecedora, segundo o professor de geografia Clodoaldo Barbosa. “O professor não precisa ficar mais preso na sua caixa de especialidade. Sinto-me cada vez mais desafiado a buscar novas didáticas e adquirir novos conhecimentos. Eu mesmo já dei aula de prática desportiva tendo como mote as Olimpíadas de Inverno. Sim, misturei geografia com esporte, e gostei”, contou ele, que leciona no município há 10 anos.

A professora de língua portuguesa Vânia Valente compartilha do mesmo entusiasmo. Há seis anos ensinando na Escola Estadual de Tempo Integral Brandão de Amorim, no centro de Parintins, ela conta que a oferta de disciplinas optativas tem possibilitado que os alunos se conheçam mais e, dessa forma, possam ingressar no mercado de trabalho ou no Ensino Superior com mais segurança.

“Vejo que esse novo formato de Ensino Médio se adapta perfeitamente numa escola de tempo integral. Como passo mais tempo na escola que na minha casa, posso desenvolver um trabalho contínuo com os meus alunos. Eu dou as minhas aulas regulares de português, mas já me aventurei em dar aulas de empreendedorismo. Esse novo formato, pelo menos à primeira vista, privilegia a formação continuada do professor”, ressaltou.

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