A Ordem dos Advogados do Brasil seccional Amazonas (OAB) realizou, nesta quarta-feira (31), um ato público em defesa às vítimas da Ditadura Brasileira, em especial a Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB Nacional, o advogado Felipe Santa Cruz. O ato foi proposto após o presidente da República, Jair Bolsonaro questionar na última segunda-feira (29) a participação da OAB na investigação do ataque sofrido por ele durante a campanha presidencial, em setembro do ano passado.
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade”, declarou o chefe de Estado.
Fernando Santa Cruz integrou o grupo Ação Popular (AP), contrário à ditadura. Em 1974, durante o regime militar, foi preso pelo Governo e nunca mais foi encontrado.
A declaração de Bolsonaro gerou reações e atos em solidarieade em todo o País.
O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) participou do evento na OAB/AM e destacou que a sociedade atual precisa relembrar princípios morais.
"Devemos pensar no que a vida de cada ser humano representa. Vivemos numa sociedade dividida em que há muito ódio por parte de alguns. Fernando Santa Cruz foi sequestrado, torturado e incinerado em uma usina, segundo depoimento um delegado. Foi uma barbárie. A declaração do presidente Jair Bolsonaro agrediu a OAB", disse.
Para a presidente do PC do B, Lucia Antony, a fala do Presidente é um retrocesso na democracia brasileira.
"Não podemos aceitar que o Brasil seja concebido como um País sem lei. A redemocratização do Brasil foi uma luta sanguinária. As coisas não foram fáceis. Os direitos trabalhistas levaram anos para ser conquistados. Estamos vendo tudo ser desconstruído em menos de oito meses de governo. Portanto, é importante defender a democracia. É hora do Brasil se enxergar enquanto uma nação soberana. Esquecer as diferenças menores. Pensar na grandiosidade do povo que pode e deve ter direitos. O Brasil não pode retroceder", diz.
Em uma carta aberta enviada a Felipe Santa Cruz, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também expressou solidariedade.
“Quero me solidarizar com você e sua família pelo cruel desrespeito que os atingiu no dia de ontem. Só quem suportou o sofrimento de perder um ente querido, sem ter sequer o direito de velar seu corpo, poderá avaliar a dor que vocês sentem nesse momento. É como se violentassem o seu pai mais uma vez, e junto com ele todas as vítimas da ditadura”, escreveu Lula.
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