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Filho de pai cassado pela ditadura, Arthur é solidário com Santa Cruz

Arthur, que teve o pai, o ex-senador Arthur Virgílio Filho, cassado pela ditadura em 1969 pelo AI-5, lembrou do quanto a família também sofreu com o regime.

30/07/2019 às 13h14
Por: Jéssyca Seixas Fonte: Semcom
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O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB) considerou “uma agressão totalmente descabida e uma ferida aberta” a fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a morte durante a ditadura militar de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

“Eu conheço a família Santa Cruz. Eles passaram a vida inteira, as mulheres sobretudo, procurando indícios, indo de cemitério em cemitério, recebendo trotes, e não era, não era. Simplesmente [Fernando] desapareceu. Considerei uma agressão do presidente à família toda da OAB. Ele não é obrigado a gostar do doutor Felipe Santa Cruz. Mas ele não deveria tocar numa ferida tão dura”, disse o tucano em entrevista, na noite desta segunda-feira, dia 29.

Arthur, que teve o pai, o ex-senador Arthur Virgílio Filho, cassado pela ditadura em 1969 pelo AI-5, lembrou do quanto a família também sofreu com o regime.

“Sou solidário ao presidente da OAB. Minha casa passou dificuldade. Meu pai passou constrangimento. Obrigaram minha mãe a cantar o Hino Nacional para provar que não era comunista”, disse, referindo-se ao episódio ocorrido na casa da família, no Rio de Janeiro.

Polêmica

A polêmica que tomou conta da mídia nacional ontem começou a partir de uma reclamação do presidente Bolsonaro sobre a atuação da OAB, na investigação do caso de Adélio Bispo, autor do atentado à faca do qual foi alvo nas eleições 2018.

Bolsonaro disse que poderia explicar ao presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar (1964-1985).

“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, disparou.

As declarações foram vistas como ofensivas pela elite do Congresso e do Judiciário. Parlamentares já falam em podar medidas provisórias e derrubar todo decreto em que Bolsonaro exorbitar de suas funções, independentemente do conteúdo.

Convergência e moderação

Na opinião de Arthur, que apesar de ter passado pelo regime cultiva boa amizade com militares tais como os generais do Exército Villas Boas e Guilherme Theophilo, entende que Bolsonaro deveria buscar governar o Brasil com convergência.

“Convergir exige maturidade, grandeza. Não se governa um país propondo guerra. […] Um dos grandes amigos meus na política nacional foi o ex-senador Jarbas Passarinho, que apoiou o golpe e assinou a cassação do meu pai. Discuti muito com ele isso, em termos urbanos. […] Não se governa dividindo, eleição tem que ficar pra trás”, disse o tucano, acrescentando que Bolsonaro deve “moderar um pouco a língua”, e buscar um “conselheiro com bom senso, tranquilidade e apaziguamento”.

“Sou completamente contra a luta armada. Sempre fui a favor de chegar a democracia, que elegeu o Bolsonaro. Você busca muitas vezes a união do país pelo silêncio, pela gentileza, capacidade ouvir. Presidente, fale menos, reflita mais. Ouça o general Augusto Heleno, chame o general Theophilo, visite o general Villas Boas”, pontuou o prefeito.

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