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Moradores de Iranduba e Manacapuru contabilizam prejuízos com o apagão

Mais de 100 mil pessoas foram prejudicadas pelo apagão, fora indústria e comércio das duas cidades, segundo projeções da administração municipal de Iranduba

23/07/2019 às 09h24
Por: Fernanda Souza Fonte: A Critica
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Foto: Jair Araújo
Foto: Jair Araújo

No terceiro dia desde o início da interrupção do fornecimento contínuo de energia em Iranduba e Manacapuru, moradores, comerciantes e produtores rurais dos municípios relataram, nessa segunda-feira (22), para A CRÍTICA as dificuldades e contabilizaram os prejuízos. A situação  se agravou pela  falta de abastecimento de água, já que não há eletricidade para fazer o sistema de bombeamento funcionar, o que afeta também a irrigação das plantações. Mais de 100 mil pessoas foram prejudicadas pelo apagão, fora indústria e comércio das duas cidades, segundo projeções da administração municipal de Iranduba. 

A funcionária do mercadinho JM Jocilene Silva diz que está utilizando cerca de três sacos de gelo para conservar produtos como iogurte, frios e polpa de frutas do comércio de Iranduba. “Às vezes o pessoal não consegue se abastecer com gelo, pois a procura aqui está em alta, e o patrão precisa se deslocar até Manaus”, explica. 

Um “motor de luz” (pequeno gerador) garante o funcionamento das caixas registradoras e a iluminação do mercadinho, pois a capacidade da máquina não é suficiente para atender todo o estabelecimento. “A fabricação de pão foi afetada”, conta Jocilene. 

Há oscilaçãoes constantes no fornecimento de eletricidade no município, cuja duração varia entre quinze minutos e quatro horas, dependendo da localidade. “Eles disseram que a energia seria revezada entre os bairros, com duração de duas horas, mas isso não está acontecendo. O pessoal  do Centro foi o mais beneficiado. O bairro da Cidade Nova, onde moro, recebeu eletricidade entre 17h30 e 21h ontem”, protesta o morador  Joel Pantoja.

Ele afirma ter percebido um aumento no número da criminalidade no município nos últimos dias. “O comércio do Centro está sendo alvo de arrastões. Vamos para casa com medo. Não podemos nem ligar a lanterna do celular, porque isso chama a atenção dos bandidos. As autoridades desapareceram”.
 
Moradores já estão coletando água da várzea para fazer serviços domésticos. “O pessoal tá carregando água da beira do rio para conseguir lavar as roupas. “Trabalhamos revendendo dindins e doces. Perdemos cerca de R$ 500, fora as vendas que não podemos fazer. São produtos caros”, lamenta.

A funcionária da Casa de Carnes Sperotto Suzana Pereira contabilizou cerca de R$ 10 mil em prejuízos. “O nosso gerador não aguenta a câmera frigorífica. Vamos entrar na Justiça para exigir indenização da concessionária”, protestou.  

Na comunidade São José II, dentro do ramal do Janauari, o agricultor Cleudson Garcia alterna com um assistente a tarefa de irrigar manualmente a cultura de hortaliças. Ele calcula perdas no valor de R$ 2 mil na plantação de couve, pois a estratégia não é capaz de suprir a necessidade de água dos vegetais.

“Passei três dias regando (com regador e bomba costal), mas não adiantou. Elas deveriam ter sido colhidas hoje”, lamenta o produtor, que também prevê despesas com o cultivo de pimentão, maracujá e melancia – neste último caso, cerca de duas mil unidades serão perdidas.

“Tenho cisterna com 60 mil litros de água, mas não tive condições de prepará-la. Se fôssemos avisados (da suspensão no fornecimento), eu teria comprado um gerador”, diz Cleudson. “A falta de água afeta a fertilização e a adubação do plantio”, esclarece.

Dono de um restaurante e café da manhã no quilômetro 5 da AM-070, Francisco Ferreira de Lima disse que o prejuízo que teve, até ontem, com a falta de energia, já soma perto de R$ 50 mil. “Eu tive que comprara um gerador que me custou R$ 35 mil, sem contar com o gelo para manter os alimentos perecíveis e com o não funcionamento do meu estabelecimento”, disse.
No fim da tarde, o apagão em Iranduba levou a população do município fechar, nos dois sentidos, a estrada que liga Manaus a Manacapuru. Eles colocaram pedaços de árvores, tocaram fogo em pneus. 
Os manifestantes reclamavam principalmente da falta de água. Após negociação com a PM, a via foi liberada no início da noite. 

De acordo com o empresário, ontem à tarde o estabelecimento teve que ficar fechado, pois não tinha como funcionar o liquidificador, as chapas de sanduíches e nem as maquinetas de cartão de crédito. Na porta, Francisco colocou um aviso aos clientes indicando que o não funcionamento era por conta da falta de energia elétrica.

Protesto

O apagão em Iranduba levou a população do município fechar, nos dois sentidos, a estrada que liga Manaus ao município de Manacapuru, na Região Metropolitana. Eles colocaram pedaços de árvores, tocaram fogo em pneus.

Os manifestantes reclamavam principalmente da falta de água.   O major da Polícia Militar Marcos Peres, que estava comandando a ação policial no local, disse que tinha entrado em contato com o Corpo de Bombeiros para que levasse água ao conjunto Maria Zeneide que fica no KM 7 por trás da Cidade Universitária.

A Polícia Militar foi acionada e depois de ter negociado com as lideranças do movimento, eles passaram a permitir a passagem de dez veículos por vez e voltavam a fechar a via, Os manifestantes pediam água, já que desde sexta-feira que estão sem luz. Moradores da comunidade Maria Zeneide eram a maioria no ato.

Por volta das 18h, a via que dá acesso a Manaus foi liberada. O bloqueio foi mantido na outra via, deixando muitos motoristas que retornavam para as suas casas estressados.  O empresário da hotelaria Cláudio Cruz, disse que a falta de energia lhe rendeu três dias de prejuízo.  Ele estava indo para a sede do município e teve que ficar parado no bloqueio o que o deixou irritado.

O representante comercial Arley Oliveira é morador da comunidade do Paricatuba e tinha pressa para chegar a casa, pois estava levando gelo e alimentos perecíveis, pois o que tinha em casa estourou tudo por falta de energia.

Prefeitura adota medidas

O secretário de Educação de Iranduba, Amilton Gadelha, informou que a prefeitura está articulando soluções para o problema com a Amazonas Energia, o que envolve a implementação de uma série de medidas emergenciais.

“Estamos elaborando um decreto com o objetivo de contratar grupos de geradores móveis para garantir o abastecimento de água. Isso é fundamental, porque temos escolas, hospitais, postos de saúde e a populaçao em geral”, afirmou Gadelha na manhã de ontem, após reunião do recém-criado gabinete de crise, que reúne o secretariado municipal, na seda da prefeitura de Iranduba.

“Vamos alugar três grupos geradores para garantir o abastecimento de água, a partir de hoje (22), na zona rural e na parte central do município”, avisou o secretário. “Caçambas e pás mecânicas foram disponibilizadas para ajudar na logística do assentamento deste material, na subestação de energia que fica na entrada de Iranduba”.

Segundo Gadelha, as atividades do executivo municipal estão sendo readequadas ao rodízio do fornecimento de energia. “A prefeitura não vai fechar. Enquanto houver energia, um grupo estará trabalhando aqui. Todas as vacinas das Unidades Básicas de Saúde já foram recolhidas e guardadas no hospital, onde há um grupo de geradores em funcionamento”, assegurou.

“A Defesa Civil do município está planejando conseguir com a Defesa Civil do Amazonas duas viaturas do Corpo de Bombeiros para ajudar no abastecimento de água. Também vamos tentar obter dois caminhões-pipa com o Exército”, complementou.

Para evitar o desperdício de alimentos, os funcionários da rede de ensino foram orientados a distribuir a merenda escolar para os alunos enquanto o apagão continuar. Segundo o secretário de Educação, os prefeitos de Iranduba e Manacapuru devem se reunir nesta semana para pensar estratégias com o intuito de convencer a bancada amazonense e o governo federal a mudar o sistema de cabeamento, de subaquático para elevado.

“Por que não utilizar a própria estrutura da ponte Rio Negro para trazer os cabos? Se não há segurança para manter esses cabos ali, por que não construir torres, como no linhão de Tucuruí?”, propôs Gadelha. “Em época de seca, os fios ficam expostos, facilitando a ação de ladrões”.

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