Em dez anos (2007 a 2017), o Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registrou 13.208? homicídios no Amazonas.
Conforme o estudo, uma década atrás o Amazonas apresentava uma taxa de homicídios inferior à média nacional. Nesse período o índice de violência letal praticamente dobrou, sendo que a maior prevalência antes circunscrita à Região Metropolitana se espraiou para cidades do interior, numa dinâmica que acompanhou um processo nacional de interiorização do crime para cidades pequenas.
Por outro lado – tendo em vista a amplitude e posição geográfica do Estado, que faz fronteira com Peru, Colômbia e Venezuela -, é um território importante para a logística do narcotráfico, disputado por facções penais como o PCC e a Família do Norte, que protagonizaram a rebelião e morte de 56 detentos no Complexo Prisional Anísio Jobim, em Manaus (Compaj), no dia 1º de janeiro de 2017.
Neste ano, também foi registrado no Compaj, Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) e Centro de Detenção Provisória Masculino 2 (CDPM 2) mais um massacre de 55 presidiários, por conta de uma briga entre chefes de organizações criminosas do Estado.
No Atlas da Violência 2019, o Amazonas também apresenta as maiores diferenças entre os sistemas de informação da saúde e da segurança.
Assassinatos de negros
De acordo com os estudos do Ipea, no Amazonas a taxa de homicídio de não negros cresceu 203,8% contra o crescimento de 88,9% no índice de mortes de negros.
Perfil das vítimas
Homem jovem, solteiro, negro, com até sete anos de estudo e que esteja na rua nos meses mais quentes do ano entre 18h e 22h. Este é o perfil dos indivíduos com mais probabilidade de morte violenta intencional no Brasil. Os homicídios respondem por 59,1% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no país.
Apenas em 2017, 35.783 jovens de 15 a 29 anos foram mortos, uma taxa de 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens, recorde nos últimos 10 anos. A juventude perdida é considerada um problema de primeira importância para o desenvolvimento social do país e vem aumentando numa velocidade maior nos estados do Norte. Os dados do Atlas da Violência também trazem evidências de outra tendência preocupante: o aumento, nos últimos anos, da violência letal contra públicos específicos, incluindo negros, população LGBTI+ e mulheres, nos casos de feminicídio. No Amazonas, o número de denúncias de homicídios ao disque 100, no período de 2011 a 2017 foram 15 assassinados.
Primeiros meses de 2019
Um verdadeiro rastro de sangue. Manaus registrou mais de 300 homicídios nos cinco primeiros meses deste ano. Os crimes foram registrados em todas as zonas da cidade e a briga entre facções criminosas é um dos principais motivos dos assassinatos.
Conforme um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), somente no período entre janeiro e abril deste ano, foram registrados 243 mortes na capital amazonense.
Em relação ao número de homicídios registrados em maio, a SSP-AM afirmou que ainda está fazendo o levantamento. No entanto, o Portal Em Tempocontabilizou 60 mortes, no período de 26 a 31 de maio, contando com o massacre que aconteceu nas unidades prisionais. Ou seja, contabilizando com os 243, já são 303 mortes violentas, sendo que ainda falta o número do restante do mês de maio.
Estamos no dia 6 de junho e, somente nesses primeiros dias, já foram contabilizados 11 assassinatos, uma média de 2 por dia.
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