A facção criminosa Família do Norte (FDN) e a morte de 55 presos em unidades prisionais do Amazonas nesta semana serão alvos de um inquérito da Polícia Federal (PF). A informação foi divulgada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em entrevista exclusiva à TV A Crítica na tarde desta quarta-feira (29).
Ao citar que as mortes entre domingo (26) e segunda-feira (27) ocorreram a partir de um conflito interno de uma organização criminosa, Sergio Moro afirmou que o Ministério reconheceu a necessidade de atuação da PF no caso.
Moro não mencionou o nome da “FDN”. No entanto, o Portal A Crítica revelou, após ter acesso a documentos do Departamento de Inteligência da Cúpula de Segurança Estadual, que um racha entre os traficantes João Branco e Zé Roberto, líderes da facção, motivou a chacina em quatro presídios de Manaus.
“Nós entendemos, diante desse último fato, que é extremamente grave, determinar a abertura de um inquérito na Polícia Federal para investigar a organização, já que ela não é uma organização exclusivamente local. Nós sabemos que ela tem ramificações em outros estados. E também é uma suspeita, uma possibilidade de que tenha havido ordens para a prática desses crimes serem provenientes de outros estados, prisões de lideranças mantidas em outros estados. Um fato de caráter interestadual”, comentou o ministro, mostrando conhecimento sobre a atuação da FDN.
“Por outro lado, existe também um reconhecimento que essa organização se serve do tráfico internacional de drogas, está dentro das atribuições da Polícia Federal e da Justiça Federal, e o próprio fato em si: assassinatos de pessoas que estavam respondendo por crimes. É evidente que é uma grave violação de direitos humanos, esse tipo de ato não pode ser tolerado”, continuou Moro.
Ao jornalista Emanoel Cardoso, o ministro também afirmou que o inquérito da Polícia Federal não vai atrapalhar as investigações locais. “Com esse inquérito nós buscamos um total esclarecimento dos fatos, queremos cooperar com o Governo do Estado. Evidentemente, contamos também com a colaboração deles para a elucidação desses fatos, mas dada a gravidade, nós entendemos a necessidade de uma atribuição direta da Polícia Federal para apuração do ocorrido”, disse.
Nesta terça-feira (28), os nove presos apontados pelo Governo do Estado como mandantes dos assassinatos foram transferidos para presídios federais. Mais 20 devem ser transferidos até o final da semana, segundo o Governo.
Moro também falou sobre outros assuntos, como o pacote Anticrime elaborado por ele e que tramita na Câmara dos Deputados. Veja a entrevista completa abaixo.
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