A Justiça Federal do Distrito Federal aceitou uma denúncia contra o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o tornou réu -- pela sexta vez. Ele vai responder por formação de organização criminosa e embaraço à investigação. A decisão é do juiz federal Marcos Vinícius Reis Bastos.
Além de Temer, viraram réus os ex-ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
A denúncia, recebida em 3 de maio, acusa Temer de ter instigado o empresário Joesley Batista (do grupo J&F) a pagar vantagens indevidas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Os diálogos entre Temer e Joesley foram revelados em 2017 e fizeram parte do acordo de delação premiada de executivos do grupo J&F. Na gravação feita por Joesley durante um encontro com Temer, o empresário afirmava que estaria tentando manter uma boa relação com Cunha, que já estava preso na épica.
Durante a conversa, Temer proferiu a frase que depois ficou conhecida: "Tem que manter isso aí, viu?"
Na avaliação do Ministério Público, a conversa indica que Temer dava anuência a pagamento de propina a Cunha.
Temer é réu em outros cinco casos
Solto desde 25 de março após passar quatro dias preso, Temer é réu em outras cinco ações, duas no âmbito da Lava Jato no Rio, uma na Justiça Federal de SP e outras duas na Justiça Federal do DF. No Rio, as duas denúncias são relacionadas à empresa Eletronuclear e às obras na usina nuclear de Angra 3.
Defesa de Temer rebate
O advogado de Temer, Eduardo Carnelós, afirmou que a denúncia é "mais uma acusação nascida da negociata feita entre o ex-Procurador-Geral da República e notórios e confessos criminosos."
A denúncia aceita agora havia sido feita inicialmente pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e depois ratificada pela PF-DF (Procuradoria Regional do Distrito Federal)
"Para livrarem-se da responsabilidade pelos tantos crimes que confessam e ainda usufruírem livremente dos bens amealhados, estes, nas palavras de um deles em recente entrevista, entregaram o produto exigido pelo ex-PGR, que era acusar o então Presidente da República. Michel Temer nunca integrou organização criminosa nem obstruiu a justiça, e por isso também essa acusação será desmascarada a seu tempo", declarou o advogado em nota.
O advogado de Eliseu Padilha, Daniel Gerber, disse que se manifestará "apenas nos autos do processo".
O UOL procurou a defesa de Moreira Franco por e-mail para saber se quer comentar a decisão judicial e aguarda resposta.
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