Em sua terceira visita ao país desde que assumiu, Araújo encontrou-se na segunda-feira (29) com o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o assessor de segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton. São os auxiliares diretos do presidente norte-americano mais radicais na defesa de uma intervenção armada dos EUA para derrubar o governo Nicolás Maduro, na Venezuela.
Nos EUA, este tipo de intervenção em outros países costuma ser usada como estratégia em campanhas eleitorais. A eleição presidencial acontece apenas em 2020. Mas a corrida pré-eleitoral já se iniciou e Trump tem se mostrado candidatíssimo à reeleição.Há temores de uma tentativa de tomada de poder durante manifestações convocadas pelo grupo do autodeclarado presidente venezuelano, Juan Guaidó. Maduro reagiu também convocando aliados às ruas. O conflito era esperado só para amanhã.
Ocorrendo pode ser deflagrada uma disputa armada que dê aos EUA a desculpa para intervir. O temor dos militares brasileiros é que esta estratégia para forçar o Brasil a entrar no conflito, "para evitar mais derramamentos de sangue", esteja sendo combinada entre os auxiliares de Trump e Araújo. As divergências entre os militares brasileiros e o grupo de Araújo quanto ao tratamento à Venezuela –leia-se os filhos de Bolsonaro e o guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho– estão na base de todas as trocas de farpas das duas alas do governo.
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, não passa um dia sem ser atingido por petardos dos bolsonaristas mais radicais. Ele comandou pessoalmente a operação abafa dos militares contra a participação brasileira na tal "ajuda humanitária" à Venezuela lidera pelos EUA e pela Colômbia. O governo Maduro afirmou que a "ajuda humanitária" era na verdade uma tentativa dos EUA de intervir no país, alimentando dissenções internas. Ministro-chefe da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz também entrou na linha de tiro de Olavo de Carvalho e dos filhos do presidente. Santos Cruz tem se oposto publicamente à intervenção na Venezuela.
No último dia 6, ele ministrou palestra no Brazil Conference At Harvard & MIT, em Boston (EUA). O evento foi organizado por estudantes das universidades Harvard e do Massachussetts Institute of Technology (MIT). Ante uma pergunta sobre a Venezuela, declarou: "Se o Brasil acha que pode fazer missão de paz na Venezuela? Não tem sentido nenhum o Brasil levantar uma suposição de missão de paz na Venezuela neste momento.
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