Os bancos iniciaram o ano de 2019 elevando os juros médios cobrados no cartão de crédito rotativo e no cheque especial, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (27).
O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas subiu de 285,4% ao ano, em dezembro, para 286,9% ao ano, em janeiro deste ano.
Já a taxa média do cheque especial, de acordo com a instituição, avançou de 312,6% ao ano, em dezembro, para 315,6% ao ano, em janeiro de 2019.
O aumento de juros bancários acontece em um momento de estabilidade da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para controlar a inflação. A taxa Selic está na mínima histórica de 6,5% ao ano desde março do ano passado.
A inadimplência, que segundo o Banco Central também influencia os juros cobrados pelos bancos, subiu de 2,8% em dezembro para 2,9% em janeiro deste ano. No caso das pessoas físicas, passou de 3,2% para 3,3% e, das empresas, avançou de 2,4% para 2,5% nesta comparação.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado pela pessoa que não pode pagar o valor total da sua fatura no vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.
O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha dinheiro na conta. Mas esta facilidade custa a ele juros mais altos.
Juros bancários elevados
As taxas de juros do cartão de crédito e do cheque especial ainda seguem elevadas na comparação com outros países e também com outras linhas de crédito ofertadas pelos bancos.
A recomendação de economistas é de que os clientes não usem essas modalidades, ou que, se necessário, as utilizem por um período muito limitado de tempo.
Juros bancários elevados inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo economistas, a serem enfrentados na economia pela gestão do presidenteDados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2017, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país.
No ano passado, o lucro dos maiores bancos do país cresceu. É o caso do Bradesco, do Itaú, do Santander, e do Banco do Brasil.
Competitividade
Em audiência pública no Senado Federal nesta terça-feira (26), o economista Roberto Campos Neto, que teve seu nome aprovado para comandar o Banco Central, avaliou que o sistema bancário brasileiro não é mais “concentrado” do que em outras economias desenvolvidas, e acrescentou que os bancos do país também são competitivos.
"A gente precisa distinguir entre concentração e competição. Na crise [do crédito de risco, iniciada em 2008], países aceitaram mais concentração por mais segurança", declarou ele, acrescentando que "vários estudos mostram que a competição no Brasil não é muito diferente do mundo emergente".
"O Brasil, apesar de ser concentrado [o sistema financeiro], dá pra dizer que existe competição. No entanto, essa competição não gerou um spread [juros bancários] adequado”, declarou ele na ocasião.
O economista disse, também, que só olhar o tamanho do lucro dos bancos “não é uma boa métrica”. Ele acrescentou que é preciso avaliar a rentabilidade das instituições financeiras.
“Tem que ver qual é o lucro sobre o capital empregado. Retorno dos bancos já foi bem maior, 19%, 20%, já caiu para 12%. Bancos rendiam mesma coisa que títulos do governo. Agora voltou para alguma coisa como 15%. Apesar de o lucro ser crescente, rentabilidade baixou muito, voltou a crescer, mas está abaixo do máximo”, afirmou Campos Neto.
Estudo da Consultoria Economática mostra, porém, que a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) dos bancos brasileiros supera a das instituições norte-americanas desde 2005, com exceção de 2014 – considerando bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões. O levantamento foi feito até o ano de 2016.
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