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Com fronteira fechada, Venezuela deixa de receber 9 mil toneladas de alimentos brasileiros

Carga impedida de entrar é 45 vezes maior que a ajuda que Brasil enviaria ao país vizinho

26/02/2019 às 14h42
Por: Jéssyca Seixas Fonte: O Globo
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Reprodução
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Pelo menos 9 mil toneladas de alimentos brasileiros deixaram de entrar de forma legal na Venezuela desde a última quinta-feira, quando a fronteira entre os dois países foi fechada pelo governo de Nicolás Maduro . Isso equivale a 45 vezes a carga de 200 toneladas de alimentos oferecida  como ajuda pelo governo brasileiro.

De acordo com funcionários da Receita Federal que atuam no posto de fronteira em Pacaraima, o volume que deixou de atravessar para o lado venezuelano foi calculado com base numa média diária de 50 carretas com 30 toneladas cada, que entram no país vizinho diariamente desde que a crise de abastecimento começou a se agravar na Venezuela, em 2017.

No lado brasileiro, dezenas de carretas carregadas com itens como arroz, feijão e margarina aguardam no pátio da Receita alguma sinalização de quando a fronteira será reaberta. O movimento aduaneiro zerou, segundo a Receita. Eles dizem que  documentos de controle de entrada  dessas carretas revelam que os alimentos tinham  como destino o Sul da Venezuela, chegando a um raio que adentra 2 mil quilômetros em direção à capital Caracas.

A ajuda brasileira de alimentos e kits de emergência, doada pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, continua armazenada na Base Aérea em Boa Vista. No sábado, houve uma tentativa de entrada de oito toneladas transportadas em duas camionetes, mas a carga foi bloqueada pela Guarda Nacional venezuelana.

'Situação de miséria do lado de lá'

Toda a crise na fronteira aumentou a escassez no país vizinho, fazendo com que comerciantes e a população de municípios venezuelanos,  e não apenas refugiados, atravessem a fronteira por vias clandestinas em busca de alimentos no Brasil. Eles cruzam para o lado de Pacaraima e abastecem carrinhos de mão com itens básicos e depois retornam, por meio das trilhas, ao seu país. A caminhada dura cerca de cinco horas e, segundo os venezuelanos que se arriscam no meio do mato, só é possível ser feito por meio de pagamento de suborno aos guardas venezuelanos que atuam no bloqueio.

—  O salário la é de cerca de R$ 30, que é o preço de um quilo de carne. Além da escassez extrema do lado de lá , há a falta de poder aquisitivo. Todo esse alimento (retido na fronteira) estava abastecendo a Venezuela. São alimentos vendidos por produtores do Brasil inteiro. A situação do lado de la é de muito desespero — afirma o auditor fiscal da Receita Alison de Oliveira Rocha, inspetor em Pacaraima que afirma que, ao longo dos anos, passou a conhecer a realidade do país vizinho.

Representantes da Receita no estado de Roraima também estiveram na fronteira nesta terça-feira para inspecionar o local.  Eles disseram que todo o chamado Cone Sul da Venezuela era abastecido via Roraima. Menos de 10% do volume de comércio com o Brasil são compostos por exportação venezuelana. Os poucos produtos que entravam por Pacaraima  se resumiam a poucas toneladas calcário, caixas de ovos, plástico e ferro.

Já as 50 carretas brasileiras movimentavam por dia  R$ 5 milhões em produtos alimentícios para a Venezuela antes do fechamento da fronteira.

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