O envio da ajuda brasileira pedida pela oposição da Venezuela só acontecerá se os caminhões venezuelanos conseguirem chegar ao Brasil, após o fechamento da fronteira, determinada na quinta-feira pelo presidente Nicolás Maduro. Até o momento, só há um veículo venezuelano no país, na região de Boa Vista, de acordo com o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.
Segundo informações recebidas pelo Planalto, outros quatro caminhões venezuelanos estariam próximos de Boa Vista. Duzentas toneladas de alimentos, além de kits de primeiros socorros, esperam para serem levados para o país vizinho. A ideia é que os materiais sejam transportados por venezuelanos para o país vizinho, como estava previsto.
Rêgo Barros afirmou que o plano de começar o envio no sábado continua, mesmo com o fechamento de fronteira, e que se não for possível realizá-lo amanhã outras tentativas serão realizadas nos dias seguintes. Disse que a operação já estava prevista para durar alguns dias e que caberá ao pessoal em campo decidir quando um eventual comboio partirá.
— A decisão de deslocamento dessas 200 toneladas é da área operacional, de quem está em campo avaliando se o conjunto é suficiente para transportá-lo — afirmou o porta-voz.
Após Maduro dar respaldo à repressão a comunidades indígenas perto da fronteira, o governo brasileiro evitou comentar o assunto e afirmou que o foco da atuação do país segue sendo a ajuda humanitária. Rêgo Barros disse que o foco do Brasil é na ajuda humanitária.
— Queremos reforçar que a operação brasileira tem caráter exclusivamente de ajuda humanitária, não havendo qualquer interesse do nosso país no emprego de quaisquer outras frentes neste momento — afirmou o porta-voz.
No escopo da ajuda estocada em Boa Vista estão mantimentos enviados por outros países, como os Estados Unidos. Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão escalados para fazer a segurança dos caminhões venezuelanos até a fronteira, em Pacaraima. Dali em diante, a entrada dependerá dos próprios venezuelanos.
O porta-voz disse que o governo brasileiro não confirma uma informação de que Maduro teria instalado uma bateria anti-mísseis na fronteira. Questionado se as Forças Armadas Brasileiras estariam preparadas para um eventual combate, respondeu:
— Não conjecturamos poder de combate.
Combustível em Roraima
O governo brasileiro já preparou uma operação para levar alimentos e, principalmente, combustível para Roraima. Um dos temores é que Maduro ordene o corte no fornecimento de energia para o estado brasileiro, o que obrigaria o acionamento de usinas termelétricas. Segundo o governo brasileiro, está montada uma operação para levar 70 caminhões com combustíveis por dia para Boa Vista.
— Não deixaremos que a população de Boa Vista venha a sofrer mais ainda_ disse Rêgo Barros.
Segundo o porta-voz, 800 venezuelanos cruzaram a fronteira com o Brasil nessa quinta-feira, antes do fechamento. Não há informação sobre quantos teriam retornado.
Um gabinete de crise foi montado e a reunião de emergência convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para monitorar a situação foi chamada devido a informações sobre conflitos no lado venezuelano que teriam levado a duas mortes.
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